O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. […] Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo. Salmo 23:1, 2, 4
O salmo 23 é talvez o capítulo mais conhecido das Escrituras. Para milhões de pessoas, judeus e cristãos, esse é seu texto favorito. Nosso filho Mike o leva em sua Bíblia, digitado em letras bem grandes. É seu “sermão especial”, diz ele, e o recita de cor. Esse salmo tem enxugado muitas lágrimas e provido conforto para um número incontável de homens, mulheres, jovens e crianças.
Há, porém, algo que passa despercebido para a maioria de seus leitores. Observe algumas das linhas: “O Senhor é o meu pastor […]. Ele me faz repousar […]. [Ele] refrigera-me a alma […]. [Ele] guia-me pelas veredas da justiça” (v. 1-3). Então, lemos: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo; o Teu bordão e o Teu cajado me consolam […]. [Tu] unges-me a cabeça com óleo” (v. 4, 5).
Percebeu? Inicialmente, o salmista fala acerca de Deus e usa o pronome na terceira pessoa. Nesse caso, o autor sagrado fala a respeito do Senhor. Contudo, o pronome muda para a segunda pessoa, estabelecendo um tratamento direto. Em tempos difíceis, quando crises e inseguranças se tornam reais, ele fala com Deus, em diálogo, não a respeito de Deus.
Em tempos de prosperidade, tenho observado que muitos estão dispostos a afirmar suas ideias positivas a respeito de Deus. Falam sobre Ele. Quando circunstâncias difíceis surgem nas curvas da vida, contudo, eles entram em colapso, desespero e pânico. Concluem, de muitas formas, que “Deus não existe”. O autor do salmo 23 nos ensina, porém, que a verdade é precisamente o oposto. Quando as coisas vão bem, quando andamos em “pastos verdes”, Deus pode ser apenas uma noção abstrata. Deus é “Ele”, um Criador remoto, distante. Cremos nEle como cremos no Polo Norte. É algo intelectual, que nunca visitamos ou vimos. Mas quando as águas se turvam, quando nos encontramos envolvidos por ameaças e incertezas, caminhando no “vale da sombra da morte”, então é o momento em que Deus Se torna real. Não é mais uma abstração, um “Ele”. Deus então Se torna Alguém com quem conversamos, um “Tu” em diálogo íntimo.
Quem é Deus para você hoje? Apenas “Ele”, de quem você fala, ou Alguém com quem você se relaciona em confiança?