Retirado do blog do Pr. Gilson Medeiros
Recebi a seguinte dúvida de um leitor do blog:
"O uso de imagens e ilustrações de Jesus em folhetos, cartazes, livros, lições, etc., não seria uma violação ao segundo mandamento? Até que ponto estamos proibidos de usar tais ilustrações?"
Algum tempo atrás eu conheci um Ancião de Igreja, bastante sincero, que também era fortemente contra o uso de folhetos com imagens de Jesus, pois ele dizia que isto era uma "adoração", o que estava frontalmente contra a determinação do 2º Mandamento.
Mas até que ponto isto é verdadeiro? O uso de folhetos com gravuras e desenhos de Jesus, anjos, etc., pode mesmo ser considerado como uma violação ao mandamento? O que o Espírito de Profecia diz sobre isso?
Vejamos...
O USO DE GRAVURAS E QUADROS NA IGREJA
A Bíblia foi dada para comunicar a salvação e nos ensinar como devemos agir em todas as coisas. Em todas as saus partes encontramos parábolas e experiências para estimular a imaginação do leitor em quadros vivos, como se as pessoas estivessem vendo as coisas que são relatadas nas Escrituras.
Deus, porém, não Se contentou apenas em relatar histórias e parábolas ao transmitir a verdade, mas usou também sonhos e visões que eram verdadeiramente o áudio-visual de Deus para os profetas a fim de que pudessem compreender "vendo", o que não entenderiam apenas ouvindo e lendo. Daí que, se o próprio Deus necessitou de usar o visual de sonhos e visões para fazer Seus servos entenderem Sua mensagem, quanto mais nós hoje em dia necessitamos usar gravuras para tornar a mensagem mais clara e atrativa, devido a nossa linguagem ser muito limitada e imperfeita!
Por isso que a Igreja Adventista sempre usou, desde o princípio, quadros ilustrativos na proclamação da verdade.
Exemplos bíblicos
Deus deu o Espírito Santo para que dois artistas pela ordem do próprio Deus bordassem anjos de várias cores nas cortinas do santuário que foi ordenado a Moisés fazer. Também o Senhor mandou fazer duas estátuas de anjos de ouro, para representar as hostes angélicas. Esta orientação foi dada por Deus após os dez mandamentos em Êxodo 20 (veja Êxodo 36:1-2,8 e 37:7-9)
Deus não proibia as imagens, mas sim sua ADORAÇÃO. Seria contraditório o Senhor Deus proibir estátuas em Êxodo 20:3,4 e mandar, Ele mesmo, fazê-las em Êxodo 25:18 e Números 21:8,9. Deus proíbe a adoração das imagens, mas não proíbe gravuras e imagens para representar a verdade. Em Números 21:8,9 Deus mandou fazer uma imagem de serpente, para que os que olhassem para ela fossem curados. Por que Deus fez isso? Para que entendêssemos que uma mensagem pode ser dada através de uma figura, mesmo a figura de uma cobra. Aliás, aquela imagem de serpente, diz o evangelho de João, era uma representação do Senhor Jesus Cristo na Cruz (cf. João 3:14). Aquela imagem foi guardada por muitos anos. Mais tarde, porém, quando alguns quiseram adorar aquela serpente o rei Ezequias mandou destruí-la (2Reis 18:4). Por que só foi destruída quando passou a ser adorada? Por que foi guardada por tanto tempo?
Porque aquela serpente de metal lembrava um grande livramento de Deus e representava a Sua salvação, por isso foi guardada e somente destruída quando passaram a adorá-la, queimando-lhe incenso. O mal não estava na imagem em si, mas em adorá-la.
Outro exemplo bíblico é o do Templo construído por Salomão. Ali haviam muitas figuras de plantas, animais e anjos (e até estatuas!), mas o Senhor abençoou o Templo, pois todas aquelas figuras não eram com o objetivo de adoração, mas de ornamento e representação (1Reis 7:20, 22, 25, 26, 29, 36; 2Crôn. 3:7, 10, 14.) Havia no Templo desenhos de romãs, flores de lírios, querubins, palmas, leões e bois. No entanto, mesmo com tantos desenhos, figuras e imagens, a glória de Deus encheu o Templo (1Reis 8:10,11).
As pessoas que combatem ilustrações e figuras na igreja, de certa forma, estão querendo ser mais rigorosas do que o próprio Deus, autor do mandamento. Por que Deus aceitou uma casa tão cheia de imagens e figuras de anjos, flores, plantas e animais? Deus aceitava a idolatria naquele tempo mesmo tendo-a proibido? Não! Deus não muda (Malaquias 3:6), e Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8).
DEUS não proíbe figuras, como ELE MESMO DEU EXEMPLO; Ele proíbe, isso sim, é adorar as figuras.
A Bíblia nos ensina a usar figuras e imagens para ilustrar e embelezar as coisas de Deus, pois, como diz o apóstolo Paulo, tudo o que foi escrito nas Escrituras o foi para o nosso ensino. Sigamos, pois o ensino da Palavra de Deus, em lugar do ensino de pessoas falhas, que querem proibir o que Deus não proibiu, indo além do que está escrito, pois isso as torna soberbas em relação aos outros irmãos, com o pensamento de que "sou mais santo que vocês" (1Cor. 4:16).
Esses exemplos bíblicos são suficientes para que todos os que quiserem, entendam que o uso de gravuras e desenhos servem como uma representação da mensagem e não como idolatria. Além disso, se Deus usou uma cobra para representar Jesus Cristo pode-se muito bem representá-Lo com uma figura humana. E, assim como não era para adorar a cobra, nós também não adoramos figura qualquer, nem mesmo a de Jesus, pois usamos as figuras com o mesmo objetivo que Deus usou: ornamentar, representar e ilustrar.
Para deixar de forma mais clara o que a Bíblia diz, citaremos alguns trechos do livroEvangelismo, escrito por Ellen G.White, página 203 a 216:
"Dedicastes muito estudo ao assunto de como tornar interessante a verdade e os quadros que fizestes estão em perfeita conformidade com o trabalho que precisa ser feito. Esses quadros são, para as pessoas, lições objetivas. Pusestes vigor de pensamento na obra de produzir estas notáveis ilustrações. E elas exercem efeito notável ao serem apresentadas ao público em reivindicação da verdade. Usa-as o Senhor para impressionar as mentes. Fui instruída clara e nitidamente quanto a deverem usar-se quadros na apresentação da verdade".
"O uso de quadros é muitíssimo eficaz para explicar as profecias referentes ao passado, presente e futuro".
"...figuras que possuem poder convincente. Tais métodos serão usados mais e mais neste trabalho de finalização".
Uma advertência aos inimigos das ilustrações
"... Alguns haviam estado trazendo falsas provas, e transformando em critério único suas próprias idéias e noções, exagerando assunto de pouca importância até torná-los em prova de discipulado cristão, e impondo cargas pesadas aos demais. Assim se introduziu um espírito de crítica, acusação e dissensão, que foi um grande prejuízo para a igreja. E deu-se aos crentes a impressão de que os adventistas observadores do sábado eram uma seita de fanáticos e extremistas, e que sua fé peculiar os tornava rudes, descorteses e de caráter realmente anticristão. Assim o procedimento de uns poucos extremistas impediu que a influência da verdade alcançasse o povo. (...) Uns poucos condenavam as figuras, insistindo em que são proibidas pelo segundo mandamento, e que tudo quanto é dessa espécie deve ser destruído. Esses homens unilaterais nada mais vêem além dessa coisa única que se encasquetou na mente. Faz anos tivemos que enfrentar esse mesmo espírito e essa obra. Surgiram homens que pretendiam haver sido enviados com uma mensagem de condenação das figuras, insistindo em que toda semelhança de qualquer coisa fosse destruída. Chegaram a extremos tais de condenar os relógios que tinham figuras ou imagens... Umas poucas pessoas de XXX foram ao extremo de queimar os quadros de que eram possuidores e destruir até os retratos dos amigos" - Evangelismo, pág. 215 e 216.
Portanto preferimos seguir o conselho do Espírito de Profecia em vez das opiniões humanas.
Fonte:
Adaptado de Material do Pr. Demóstenes Neves (SALT-IAENE)