Pois o amor de Cristo nos constrange. 2 Coríntios 5:14
Para muitos críticos, o cristianismo funciona à base da intimidação e do medo. Num recente livro que li, o autor parece convencido de que todo o edifício do pensamento cristão é construído sobre a ideia do inferno. “Retire-se a noção do inferno, e o cristianismo acaba”, ele afirma. E conclui: “Sem o inferno, todas as doutrinas e dogmas perdem seu sentido. Sem o perigo do inferno, por que alguém iria se converter?” Para ele, o medo é a única força cristã.
Outros imaginam que a grande motivação é o desejo de recompensa. Dostoiévski observa: “Não é Deus que os homens procuram. São os milagres que Ele pode fazer.” Talvez isso explique o fenômeno do crescimento das igrejas que exploram a teologia da prosperidade, oferecendo às pessoas precisamente aquilo que elas desejam: saúde física, dinheiro, sucesso material.
De fato, medo de punição e desejo de recompensa são grandes forças motivadoras. Mas elas não são as únicas. O amor e a graça são forças incomparavelmente maiores e mais fortes para o comportamento humano. Deus não usa como instrumentos de motivação ameaças ou a sedução de recompensas para ganhar nosso coração. Paulo entendeu isso ao afirmar que “o amor de Cristo nos constrange”. O símbolo do cristianismo é uma rude cruz, onde se concentrou o amor do Universo, e não um trono ou uma coroa. Quando entendemos a graça de Deus, que nos aceita e perdoa, que nos trata com dignidade quando não temos dignidade, e compreendemos que Deus morreu por nós quando ainda éramos inimigos (Rm 5:8), não podemos senão amá-Lo. Por isso, Jesus observou: “Se me amais, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15). Aqueles que são motivados por medo ou recompensa se comportam como escravos. São mesquinhos, contando centavos e segundos, sempre mal-humorados naquilo que doam ou fazem. Mas Cristo nos libertou de tal condição. Ele nos chama de amigos (Jo 15:14).
Você realmente ama alguém? O que você faria por essa pessoa? Eu tenho visto pessoas trabalharem arduamente. Tenho visto pais passarem noites em claro por um filho. Mas o espantoso é que eles não se sentiam escravos. Trabalhavam com brilho nos olhos e alegria na face. Quando realmente amamos alguém, servir a essa pessoa, longe de ser um fardo, é sempre um privilégio e uma oportunidade para aquele que ama. Como você serve a Cristo? Como escravo ou como a um amigo querido?