Depois de assistir a um bom filme, eu me obrigo a ver o making of. Desconfio que não seja o único a me interessar por isso, tal a qualidade dos making ofs em filmes recentes. O que me leva a assistir ao making of é o desejo de entender melhor o porquê de algumas opções estéticas do diretor, a maneira como o elenco e a equipe técnica interagiram, os desafios na realização do projeto e os “truques” de filmagem. Atualmente, além dos making ofs, muitos DVDs trazem a opção de se assistir ao filme com os comentários do diretor e/ou roteirista. Sabe de uma coisa? Quantas vezes na vida você e eu não gostaríamos de contar com um menu que disponibilizasse os “comentários do diretor”, ao mesmo tempo em que as coisas acontecem. Somente dessa forma poderíamos entender os motivos para a entrevista de emprego cair no sábado. Saberíamos há mais tempo que estávamos sendo traídos pela pessoa amada. Veríamos a mágoa que nossas palavras impensadas trouxeram a pessoas queridas...
Não pense que no fim da vida será possível fazer um retrospecto. Muitas vezes faltará uma perspectiva adequada. Pessoas que não tiveram discernimento ao longo da vida raramente poderão se autoavaliar próximo ao fim dela. Em outras ocasiões, não sobrará tempo hábil. E mesmo no caso de discernimento se conjugar com oportunidade, ainda assim a pessoa se defrontará com outra barreira: o desconhecido. Ninguém sabe dizer o que estava nos bastidores de cada ato de sua vida.
Se as considerações anteriores são válidas para o plano pessoal, também o são para a história humana como um todo. Como avaliar o amontoado de eventos de povos e indivíduos, imiscuídos em conquistas sanguinárias, motins, revoluções, manifestações do povo comum, avanços tecnológicos e relações diplomáticas? Os historiadores profissionais não se atêm a uma única alternativa quando se trata de encarar os fatos. Mas poucos se arriscam a delimitar um fluxo da História, capaz de explicar razoavelmente o passado, compreender o presente e prover a chave para o entendimento do futuro.
Entretanto, posso assegurar a você que, se fosse possível olharmos para o segredo da “máquina do mundo” (como no poema de Drummond), veríamos o Deus de amor, como o grande diretor da vida de indivíduos e da própria História. Esse quadro é o que Daniel nos oferece no capítulo 10 de seu livro.
Daniel descreve uma visão ocorrida na época de Ciro, que se caracterizava como uma “guerra prolongada” (Dn 10:1). Em virtude do quadro profético, Daniel enfermou por três semanas (v. 2), período no qual mal conseguia se alimentar (v. 3), o que também parece ter se devido à atitude dele de se humilhar para entender melhor o assunto (v. 12).
Após esse início assustador, o profeta foi confortado por um ser celestial que, à semelhança do que vimos no capítulo 9, afirmou que Deus o enviou por consideração ao profeta, o qual é considerado “homem muito amado” (Dn 9:22-23; 10:11,18, 19). Apesar de tamanhas manifestações sobrenaturais e da grandiosidade da mensagem, apenas Daniel recebeu a visão – seus acompanhantes nada viram (Dn 10:7).
O anjo que fala com Daniel (v. 11-21) revela que a visão trata de um combate entre ele e o “Príncipe da Pérsia” (v. 13, 20), e outro combate vindouro, dessa vez, contra o “Príncipe da Grécia” (v. 20). Seria irrazoável crer que tais príncipes citados se referem a meros seres humanos, porque assim teríamos que admitir um combate entre eles e um anjo de Deus! O contexto dá a entender que seriam entidades espirituais em luta, tentando influenciar nações e governos, quer para o bem, quer para o mal. De fato, “a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes” (Ef 6:12, NVI).
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