sábado, 13 de novembro de 2010

Comentário da Lição - Prof. Sikberto Renaldo Marks - Lição 8 - 4º Trim. 2010

Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Quarto Trimestre de 2010
Tema geral do trimestre: Figuras dos Bastidores
Estudo nº 08    Joabe: o fraco valente de Davi
Semana de   13 a 20 de novembro
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
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Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil


Verso para memorizar:Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações” (Prov. 21:2).

Introdução de sábado à tarde
Uma síntese muito bem elaborada sobre Joabe encontramos na Wikipédia, a enciclopédia livre. Ela nos serve de introdução para o estudo dessa semana.
Joabe (em hebraico, "Yahweh é seu pai") era sobrinho de Davi e comandante de seu exército (1 Samuel 14.50).
“Joabe é conhecido por seu temperamento explosivo e violento, porém, de fidelidade incontestável a Davi.
“Era filho de Zeruia, irmã de Davi (2 Samuel 2.18), e irmão de Abisai e Asael. Assim como Davi, sua família tinha raízes em Belém (2 Samuel 2.32).
“Após a morte do rei Saul, Abner, comandante de seu exército, apóia a subida ao trono de Isbosete, filho de Saul. Em batalha, Abner é derrotado pelo exército de Davi. Asael, entretanto, é morto por Abner, ainda que a tenha evitado.
“Após Isbosete recriminar Abner por causa de haver tomado para si uma concubina de seu pai, Abner busca fazer aliança com Davi, garantindo-lhe apoio para reinar sobre Israel.
“A ação de Davi é fortemente criticada por Joabe (2 Samuel 3.24,25), talvez por temor de perder seu posto, mas principalmente pelo fato ocorrido com Asael e por não confiar em Abner.
“Em ocasião futura, Joabe procura Abner e vinga a morte de seu irmão (2 Samuel 3.27). Davi repudia a ação de Joabe e o amaldiçoa (2 Samuel 3.28,29).
“Na sua tentativa de conquistar a cidade de Jebus (Jerusalém), Davi promete àquele que primeiro ferisse os jebuseus a posição de chefe e comandante, cabendo a Joabe essa proeza (1 Crônicas 11.6).
“Sua fidelidade a Davi é demonstrada quando Joabe cercou a cidade de Rabá e a tomou. Entretanto, Joabe recusou-se a entrar na cidade antes do rei Davi, a fim de que, subjugando-a, não viesse ele a ser aclamado como o vencedor (2 Samuel 12.26-28).”
Joabe, no final de sua carreira, cometeu um erro grave (entre os outros erros anteriores). Ele apoiou Adonias ao trono, em lugar de Salomão indicado por DEUS. Isto lhe custou a vida, o que é de se lamentar, pois foi um homem que combateu pelo povo de DEUS, e era abençoado nesses combates. Atenção: por ter sido abencoado, por não perder batalhas, isso não quer dizer que ele, ou quem quer que seja, esteja salvo. Não deveria ter tido um fim tão simplório e sem honra. Mas teve, e por culpa dele mesmo. Cuidemos para no final de nossa carreira não estragarmos toda uma vida de fidelidade a DEUS. Afinal, ele era um valente guerreiro, incrível estrategista militar, servo de DEUS, homem muito forte e fisicamente resistente, com incrível habilidade para matar. Foi ele quem conquistou com suas habilidades militares a cidade de Jerusalém para Davi. Tornou-se tão poderoso no reino de Davi que, talvez fosse até mais poderoso que o próprio rei. Por momentos ele decidia mais que o rei; por exemplo, mandou Davi parar de chorar por Absalão, e Davi simplesmente obedeceu. Embora destemido guerreiro e leal a Davi, poderia de um momento para outro se tornar inimigo mortalmente perigoso. E nesses momentos agia sem misericórdia, e sem demora. A sua lealdade a Davi, ao que parece, era também movida por interesse pelo poder. Afinal, ser o comandante do exército do Senhor não era pouca coisa.
Salomão mandou matar Joabe. Isso é doído saber: um fim assim. Mas Joabe cometeu erros graves. Matou dois outros valentes guerreiros (2 Sam. 3:22-30 e 20:4-13) em tempo de paz, assassinato portanto – Abner, filho de Ner, e Amasa, chefe das tropas de Judá, eleito comandante das tropas de Absalão (1 reis 2:32 e 2 Sam. 17:25). E para finalizar, aliou-se com o homem errado, Adonias, em vez de Salomão. Como Salomão sabia do poder pessoal de Joabe, e do risco que ele representava, não pensou duas vezes, mandou que o matassem enquanto era tempo.

  1. Primeiro dia: Questões familiares
Quando Saul foi derrotado pelos filisteus, e foi morto junto com seu filho Jônatas, vagou o trono de Israel. Is-Bosete, outro filho de Saul foi feito rei, por Abner, o comandante geral dos exércitos de Saul. Pode-se ver o poder desses comandantes, até o rei eles estabeleciam. Ou procuravam estabelecer. Em grande parte, o rei estava nas mãos do comandante militar. Isso é evidente, pois esse era o homem especialista no poder militar, tanto para defender a nação, e o rei, como para atacar inimigos. Assim sendo, o rei precisava ter muito cuidado com seu comandante.
Ao sul da nação estava Davi com seus homens, que não eram muitos. O comandante das tropas de Davi era Joabe. Esse comandante era especialista em estratégia militar, sabia como vencer tropas numericamente superiores. Além disso, DEUS estava com Davi e suas tropas, de modo que não perdiam batalha. Destaque-se que Joabe também sofreu com Davi em suas fugas. Era um daqueles seiscentos homens que enfrentaram anos de incerteza e dificuldades, porque Saul os perseguia, e também havia outros inimigos, e precisavam se sustentar. Esses homens aprenderam a lutar como poucos, era só o que faziam. O tempo todo. E aprenderam a vencer, tinham o favor de DEUS.
Abner se irritou com Is-Bosete, porque o censurou pelo fato de ter tomado uma das concubinas do falecido rei Saul. E também, pelos registros, Abner logo percebeu que Is-Bosete era um rei fraco, pouco capaz de tomar decisões firmes e elaborar estratégias para a nação. Percebeu que com Is-Bosete não havia futuro, e usou o episódio da repreensão para se revoltar contra o rei. Ele que era respeitado pelas tropas, muito mais que o pequeno rei, decidiu desertar de Is-Bosete e ir oferecer seus préstimos a Davi. Estavam estabelecidas as condições para a reunificação do reino.
Mas temos que atentar para um fato. Antes disso, houve guerra entre o exército de Davi e o de Is-Bosete, onde se encontraram Abner e Joabe. Os dois comandantes, frente a frente, acertaram uma batalha preliminar de 12 homens contra 12 homens escolhidos de cada lado. Estes se bateram uns contra os outros, e os 24 morreram, ao que se seguiu uma tremenda guerra entre os dois exércitos, vencida por Davi e Joabe.
É importante destacar que o exército de Abner vinha de outra derrota recente perante os filisteus, em que morreram Saul e Jônatas. Esse exército estava debilitado e com o moral baixo.
Quando os homens de Is-Bosete fugiam dos de Joabe, inclusive Abner, Azael, um dos irmãos de Joabe, muito rápido em correr, perseguiu Abner. Azael não era páreo para lutar com Abner, e este tentou evitar o confronto, para não matar o irmão de Joabe, mas a insistência o obrigou a isso. Azael foi morto por Abner. Azael foi imprudente em perseguir um comandante muito melhor preparado em lutar com a espada, por isso ele perdeu aquela luta. Mas Joabe ficou furioso ao saber que seu irmão foi morto, justo pelo comandante que ele combatia.
Agora voltemos aos fatos de hoje. Abner, percebendo que Is-Bosete não prometia futuro, que seria um reinado fraco, o deixou de lado e foi a Davi oferecer seus serviços de comandante. Isso sinalizava a reunificação do reino. Era o que Davi queria. Mas aqui Davi cometeu um de seus erros: ele aceitou os serviços de um homem que há pouco estava combatendo, que o perseguia nos tempos de Saul, e que era um desertor de Is-Bosete. Ele seria confiável? Será que não estava vindo por interesses próprios, do mesmo modo como agia Joabe? É evidente que Joabe, seu fiel comandante desde os tempos difíceis de fuga, não iria aceitar. E como Davi faria: substituiria um comandante por outro? É óbvio que não poderia ter dois comandantes. Muito menos ter um comandante ao seu lado, que havia, há pouco, matado o irmão de seu antigo comandante.
Joabe, voltando de uma campanha de guerra para Davi, fica sabendo do acerto entre o rei e Abner. Coloque-se no lugar de Joabe: quem sempre esteve ao lado de Davi, que garantiu as vitórias, e há pouco vencera os exércitos de Abner, agora, fica sabendo que Davi o recebera e já garantira a ele ser o comandante de suas tropas. Joabe não pensou duas vezes. Mandou que chamassem Abner de volta, e o matou. Mas quem criou a situação para essa morte? Davi.
Joabe errou ao ter matado Abner, sem dúvida, mas faltou alguém para censurar a Davi pela sua precipitação. Na verdade Davi jogou Joabe contra Abner, pois estava visto que perderia o seu posto, bem agora que o reino estava se estabelecendo, bem agora que as lutas de Joabe, junto com Davi, alcançavam êxito. E outra coisa, como é que Davi ousou afrontar um homem de guerra, um valente, forte e acostumado a matar? Joabe assim como Abner, tornou-se um homem para quem matar era algo normal. Ele o fazia sem se importar. Acostumou. Deve ter matado milhares de pessoas. Era um homem de guerra. Não se espere de alguém assim tratamento carinhoso com quem deseja fazer algum acerto de contas.
E qual seria o pensamento de Joabe ao saber que Abner esteve falando com Davi? É o que ele teve, ou seja, que Abner veio ali para uma missão de espionagem (2 Sam. 3:30). O comandante inimigo, recém derrotado, aparecer para falar com o rei, poderia dar outra impressão? Davi foi precipitado e demonstrou pouca competência estratégica no ato de ter recebido, de pronto, Abner, como se fosse um aliado. Nisso Davi errou. Ou seja, dois erros aconteceram num só dia: Davi receber Abner e o aceitar como comandante, e Joabe matar Abner em tempo de paz. E Davi, rei, não pôde censurar a Joabe de todo, pois quem precipitara a situação fora ele mesmo. Veja só, como uma decisão precipitada leva a outros fatos que nos deixam em situação complicada, sem saída.
Como de costume, um erro leva a outro erro, mas o primeiro erro não justifica o segundo. Explica, mas não justifica.

  1. Segunda: O custo do pecado
O pecado, entre outros, tem um custo cruel. É o seu efeito posterior, o que vem mais tarde por causa de um pecado. Vejamos alguns fatos retirados de nossa história.
Davi abusou de Bate Seba. Isso o levou a mandar matar Urias. Joabe, que precisava manter boa imagem com Davi, porque não fazia muito havia matado Abner, devia favores a Davi, que sabia disso. Dessa vez Joabe seria interessante a Davi, que se enredou num problema, e precisava de Joabe para resolver esse problema, que era matar Urias para trazer Bate Seba como sua esposa, e acobertar o estupro. Joabe viu nisso uma oportunidade de fazer um favor a Davi, e colocou Urias bem na frente da batalha, mais à frente que o prudente. E para não ficar parecendo que queria mesmo matar Urias, mandou junto com ele ainda outros bons soldados, dos quais vários morreram. Portanto, por causa do pecado de Davi, ocorreram várias mortes e uma troca de favores corruptos entre Davi e Joabe. E como Joabe fez esse favor a Davi, o rei assim ficava devedor àquele. Assim o pecado vai enredando e comprometendo as pessoas, para a maldade, umas com as outras, geralmente na tentativa de acobertamento. Mas quando os fatos são descobertos, o efeito da perda da credibilidade da pessoa é ainda maior.
Davi teve filhos. Eles viviam no palácio, lugar onde não faltava nada, cheio de conforto, mas também cheio de oportunidades para maldades. Como Davi iria aconselhar seus filhos de não fazerem o que o passado provava ser seu ponto fraco? E todos sabiam da história do rei. Imagina as gozações de outros jovens, como é bem frequente, sobre os filhos do rei, do que seu pai fizera.
Mesmo que Davi ensinasse corretamente a seus filhos, seu exemplo influenciava ainda mais, em direção oposta. Disso resultou, em grande medida, a revolta de Absalão contra seu pai, de abusar de dez de suas concubinas, que fez para todas as pessoas verem. Também o incesto de Amnom com Tamar, sua meia-irmã. Por esse motivo, Absalão, irmão de Tamar, matou Amnom, seu meio-irmão (mas que família é essa, irmãos, meio-irmãos, mortes?), e fugiu por uns tempos. Na verdade, ele também matou o príncipe na linha da sucessão real – Amnom era o filho mais velho de Davi. Agora, o filho mais velho ficou o próprio Absalão. Pela tradição, ele deveria ser o rei, e Absalão, é evidente, sabia disso. Depois, voltando, até por intercessão de Joabe, acabou por se revoltar contra seu pai e rei. Ele queria ser o rei (que família é essa?), a tradição o favorecia, mas na guerra, foi morto, pelo próprio Joabe (que agiu para que ele voltasse) quando já estava imobilizado, pendurado em galhos de árvore, pelo que era o seu dever prendê-lo e não assassiná-lo, que, irritado com a atitude do rei, mandou que este parasse de chorar a morte desse seu filho. Aqui havia duas coisas em jogo. Pelo costume de Davi, ele teria mandado matar Joabe. Lembra o que Davi fez com o amalequita, que veio a Davi trazendo a coroa e o bracelete de Saul, e mentindo que o havia matado? Na hora Davi mandou que o matassem. Era o que Davi fazia com aqueles que matavam pessoas sem necessidade. Mas pela segunda vez Davi não agiu assim com Joabe. Da primeira vez foi quando ele matou Abner, e agora, quando matou seu próprio filho. E porque Davi agiu assim? Ele devia favores a Joabe, e não tinha força moral para uma atitude assim. Na verdade, Joabe tinha o rei em suas mãos. Em muitas ocasiões, o poder estava com Joabe, não com Davi, que precisava ficar quieto porque sua credibilidade não era suficiente para contrapor a seu comandante nessas ocasiões. Davi devia favores a Joabe, que podia fazer quase o que quisesse ao rei. Mais tarde, Salomão, já sendo rei, tomou para si bem maior número de mulheres que seu pai Davi. Ao todo eram mil. E Salomão não queria ser manipulado por Joabe, se livrou dele. Sabe como? Mandando matá-lo. Qual o argumento? Por que se tinha aliado a Adonias e o havia influenciado para pedir a sunamita, a mulher que aquecia Davi, a se casar com ele. E, de fato, Joabe não era muito confiável, e era homem perigoso se não fosse amigo e se não tivesse seus desejos atendidos.
Se Davi tivesse sido fiel nesses requisitos fundamentais que DEUS já havia ensinado, todas essas histórias de seus filhos teriam certamente sido diferentes.

  1. Terça: Joabe, o político
Vamos hoje estudar o modo como Joabe agia. A lição apresenta uma possibilidade com base em fatos anteriores, ou seja, são inferências. Conforme o que se conhece de Joabe, em relação aos fatos que hoje analisaremos, só podemos chegar às explicações que a lição propõem, mas não há fundamento de palavra profética sobre isso.
O que aconteceu? Absalão, como já vimos, vingou o estupro de Tamar matando o estuprador Amnom, que era o filho mais velho de Davi, portanto, pela tradição deveria ser o rei. Vá se saber até que ponto esse ato de Absalão era mesmo vingança ou justiça pelas próprias mãos, e o quanto o fato que aconteceu com Tamar era apenas desculpa para eliminar seu rival ao trono. Talvez houvesse alguma motivação nesse sentido também. Do jeito que estava a família que Davi construiu, tudo era possível. Duas coisas, porém, são certas: agora Absalão estava na linha do trono e, depois, ele liderou uma revolta com esse objetivo.
Mas como se organizaram as condições para que Absalão desencadeasse essa revolta? Aí ele contou com a ajuda involuntária de Joabe. Esse comandante era oportunista, disso sabemos. Ele sabia aproveitar oportunidades para proveito próprio. Ao perceber que Davi não se sentia bem com Absalão longe, pois o amava (ele amava, ao que parece, a todos os seus filhos), resolveu, pelo que tudo indica, ganhar mais simpatia tanto de Davi como de Absalão. Quais eram os interesses de Davi e de Absalão? Um sentia saudades do filho e estava com problemas para fazer justiça, pois ele mesmo, sendo rei, havia cometido erros graves, estupro e assassínio, no caso de Bate Seba e Urias. Aquilo que Davi já havia feito foi mais ou menos o que Absalão também fez. Então, com que força moral Davi poderia chamar Absalão de volta, para o repreender, ou para dizer o que fosse? E com que força moral e respeito o rei poderia aconselhar seu povo, fazer justiça, governar, etc., dado o seu histórico moral e dado o problema em sua própria família? E se nem conseguia resolver seu problema com seu filho?
Veja bem, se você é líder na igreja, seja também o primeiro a obedecer as leis de DEUS, para ter força moral em sua liderança. Se não for assim, se você mesmo transgride em coisas que hoje em dia precisa orientar aos demais, o efeito será como o que Davi enfrentava: as pessoas não obedecem, nem levam a sério os conselhos, e nem terá poder do ESPÍRITO SANTO para ser ao menos ouvido e considerado. Essa era a situação de Davi.
Joabe, como dizíamos, entrou no caso, mas, atente bem ao seguinte, ele não pediu conselho a DEUS. O que ele queria fazer, ao que tudo indica, tinha motivação de poder político, tanto junto ao atual rei quanto ao futuro rei segundo imaginava Joabe. Por meio de artifício, que você pode ler em sua Bíblia, usando de uma mulher sábia, de boa conversa, colocou o rei Davi numa situação difícil, em que ele teve que decidir mandar vir seu filho Absalão de volta. E pelos interesses conhecidos desse filho de Davi, ele voltou, e certamente não tanto para fazer as pazes com Davi, mas para tratar de seus interesses, que eram o trono.
Então o que aconteceu? Absalão estava em Jerusalém, de volta há dois anos, e ainda não se havia avistado com seu pai. Que situação constrangedora para ele. Afinal, porque foi que Joabe o chamou, se não era para ver seu pai? Absalão então fez a coisa certa: mandou vir Joabe, que em nome de Davi o havia chamado de volta para Jerusalém. Pois Absalão queria ver o pai. Voltou por esse motivo. Mas, dessa vez, Joabe não atendeu o pedido de Absalão, feito duas vezes. Então este fez a coisa errada: mandou colocar fogo nas plantações de Joabe. Aí ele foi falar com Absalão, para tirar satisfação desse desaforo, pelo que também já trataram do assunto do pai. Então sim, Absalão, finalmente foi admitido pelo rei para o ver.
Agora estava tudo resolvido? Aparentemente sim, mas na realidade, mais problemas estavam se formando. Joabe fez o correto, que deveria ser feito, quanto à reconciliação entre Davi e seu filho Absalão, mas, atente, ele o fez com o motivo errado. Ele queria levar vantagem, queria criar condições para, quem sabe, no futuro ser o comandante das tropas de Absalão. Senso assim, é óbvio que ele não se aconselhou com DEUS. Quando se faz algo por interesse próprio, nunca uma pessoa pede conselho a DEUS. E aqui podemos aprender algo importante para nós. Fazer o que DEUS deseja que façamos, mas com método errado, ou motivo errado, na verdade só dá problemas. Por exemplo, se nós planejarmos uma poderosa série de conferências, estaremos fazendo algo que JESUS nos mandou fazer. Mas se isso for realizado para nos engrandecermos, ou por meio de métodos mundanos que, portanto, atraem o pessoal do mundo para motivos errados, é evidente que vai lotar o lugar, e também é evidente que muitos serão batizados. Mas bem poucos, ou ninguém, se converterá e terá o ESPÍRITO SANTO e o seu batismo. Em poucas semanas, uma pequena minoria deles ainda estará na igreja, os demais, já terão saído. Algo bom foi feito do modo errado, e DEUS não pôde dar Seu apoio. Se Ele desse, estaria incentivando modos errados de ganhar pessoas para o Reino de DEUS.
O que aconteceu após o encontro entre Davi e seu filho? Absalão desencadeou uma revolta contra seu próprio pai, e teve apoio para isso. E porque conseguiu logo apoio? Porque na verdade, a credibilidade de Davi não era assim tão alta perante muitos do povo. E como as tribos ainda não estavam perfeitamente ligadas entre si, qualquer pessoa podia com facilidade provocar revoltas contra o rei, fosse quem fosse. Muitos israelitas viam no rei uma pessoa pouco digna. Embora Davi se arrependesse de todos os seus pecados, o efeito perante a população não foi o mesmo que o efeito perante DEUS. É que DEUS lê os corações, e sabe da sinceridade dos que se arrependem, e Ele perdoa, mas o povo não sabe ler os corações, se guia pelas coisas que vê, e evidentemente, o que vê pode denegrir a reputação, mesmo que a pessoa tenha se arrependido. Isso quer dizer o seguinte: DEUS pode ter perdoado uma pessoa, mas ela perdeu a credibilidade perante as outras pessoas. Isso é normal. Ninguém de nós, por exemplo, confiaria num vigarista contumáz que se arrependeu, para servir de fiador a ele. DEUS conhece as intenções dele, mas nós, seres humanos, não conhecemos, e devemos ser prudentes.
Isso que aconteceu com Davi: o homem segundo o coração de DEUS, mas não muito bem visto por muitas pessoas, seus súditos. Agora, imagina o quanto Davi dava motivos para quem lhe era oposição, que pertencia aos simpatizantes do falecido rei Saul. Davi dava razões para estes o criticarem.
Serve de lição para nós cuidarmos de nossa vida, e não pensarmos que nossos pecados ocultos não estorvam nossa reputação e em nada atrapalham nossas ações na igreja. Atrapalham e muito, e quando chegam a ser descobertos, se tornam, sempre, em escândalo.
Então, depois da aparente reconciliação, Davi se vê com Joabe, fugindo de Absalão, para não serem mortos. A possível intenção de Joabe de levar vantagem ao reunir Absalão e Davi, por ter sido motivado por razões egoístas, resultou em coisa ainda pior: uma revolta, uma guerra, e a morte de Absalão, pelo próprio Joabe. Pode ser que Joabe tenha desenvolvido raiva contra Absalão, ao ver que ele era ingrato, e mal educado, por ter incendiado suas plantações, e por ter feito guerra contra o pai. Depois, chateado com a atitude de Davi, que não parava de dizer: “meu filho Absalão, meu filho Absalão” (2 Sam. 18:38 19:4) repreendeu fortemente o rei, para que parasse com aquela choradeira, e voltasse a governar. E Joabe mostrou seu poder, a certa altura da repreensão, dizendo: “Juro pelo Senhor, que se não saíres, nenhum só homem ficará contigo esta noite...” (2 Sam. 19:7). Então, quem na verdade era o homem poderoso no governo de Davi? Joabe. Ali ele deu uma ordem ao rei, que falasse ao povo, e se não obedecesse, certamente ele mesmo, Joabe, retiraria seu apoio ao rei, e todos os soldados o seguiriam, quem sabe, para tirar o trono do rei, e sabe-se lá o que mais. Davi, em razão de seus erros, ficou sem palavras e sem capacidade de contestar a Joabe, e humilhado, com a dor de ter perdido um filho, teve que se levantar e, conforme a ordem de um súdito, falar ao povo.
Serve de alerta. Cuidemos para não perdermos a credibilidade. Se errarmos muito, podemos até ser perdoados por DEUS, e até podemos ser salvos, mas estaremos perante os homens de mãos e pés amarrados, sem reputação e sem moral para alguma explicação. Nesses dias finais, ao termos que pregar o Alto Clamor, sejamos puros, para que o mundo que nos observa como servos de DEUS, não nos lance na cara que cometemos esse ou aquele pecado, pois mesmo se formos perdoados por DEUS, o mundo irá, mesmo assim, usá-lo contra nós e contra a igreja. É bem elevada a nossa responsabilidade em sermos puros e humildes diante de DEUS, e corretos diante dos homens, para só assim, podermos ter o poder do ESPÍRITO SANTO, e concluir esta grandiosa obra de anunciar o evangelho da segunda vinda de CRISTO a esta Terra.

  1. Quarta: Vivendo pela espada
Quando o exército de Davi, comandado por Joabe, derrotou o de Absalão, comandado por Amasa, Davi pôde retornar a Jerusalém. No caminho, um sujeito chamado Seba, filho de Bicri, tentou restabelecer a revolta contra Davi, convocando todos os homens contra Davi. Os de Israel deixaram Davi e foram com Seba, mas os de Judá ficaram ao lado de Davi.
Portanto, com a morte de Absalão, o problema da revolta contra Davi não se resolvera, ela permanecia. Acontece que, desde o tempo de Saul, o povo do norte, Israel, não era simpatizante a Davi, mas o do sul sempre fora leal. Mais tarde, no tempo de Roboão, finalmente essas duas regiões se separaram definitivamente.
Davi percebendo que a situação política estava tensa, convocou Amasa para o seu lado, intentando fazê-lo seu aliado (ele fora comandante das tropas formadas por Absalão, o pessoal do norte). Assim, pensava Davi, ele conquistaria a simpatia das tribos do norte. Era a tal jogada política. E Davi mandou Amasa reunir os homens de Judá. É bem curiosa essa ordem de Davi. Como é que o rei confiou no homem que há pouco comandava as tropas contra ele?
Ao que tudo indica, Davi queria, por meio de Amasa, reunificar o reino, e se livrar de Joabe, pois havia matado seu filho, e exercia tremendo poder sobre o próprio rei. Vemos aqui um Davi sem comandante confiável. O que ele tinha, Joabe, mandava nele e fazia o que queria. E Davi devia favores a Joabe, pois ele fora quem o ajudara no caso de Urias. Mas Joabe exagerava em suas ações, pois, fora ele quem desencadeara, sem querer, as condições para a revolta de Absalão, e a sua morte decorreu disso.
Aqui podemos ver muitas grandes decisões, tanto de Davi quanto de Joabe sem nunca consultar a DEUS. Os resultados eram os que sabemos, cada vez pior.
Amasa, curiosamente obedeceu Davi, talvez, intencionando se aliar ao verdadeiro rei, e ser seu comandante. Mas ele demorou em retornar (o prazo dado por Davi fora três dias). Davi estava ficando preocupado, pois Seba poderia, nesse meio tempo, desencadear uma outra revolta contra Davi, e toda a situação armada por Absalão se reacenderia. Então ele deu mais uma ordem sem consulta a DEUS, portanto, errada. Ele enviou a Abisai, irmão de Joabe, que reunisse seus homens, que eram os de Joabe, e perseguisse Seba (isso era para ser feito por Amasa, mas ele estava demorando a voltar). Joabe foi junto com Abisai, e num certo lugar se encontraram com Amasa. Joabe matou Amasa do mesmo modo como havia matado Abner. Por que fez isso? Joabe percebeu que Davi o ignorava, portanto, inteligente como era, entendeu que estava sendo trocado por Amasa. Na primeira oportunidade, ele matou seu sucessor. E um soldado de Joabe o ajudou, gritando a todos que, quem fosse fiel a Davi, que seguisse a Joabe. Viu o quanto as pessoas fazem para sempre estarem ao lado do poder?
Mas Davi não podia trocar de comandante? É óbvio que sim, mas ele o fez de um modo imprudente, que colocou em risco a vida de Amasa, assim como havia colocado em risco a vida de Abner, e bem antes, a vida do sacerdote Aimeleque, pai de Abiatar. Davi cometia muitos erros, porque agia demais por conta própria. Ele era rei, portanto, deveria ter mais cuidado e estar mais ligado a DEUS. Ele sempre se arrependia facilmente, porém, não aprendia com isso, e errava outra vez. Ele esqueceu cedo demais o conselho da bela Abigail, mulher do estúpido Nabal. Aquele conselho, de não se precipitar, deveria ser um de seus princípios de governo.
A nação do povo de DEUS estava dividida. Uns, com saudades de Saul, queriam que algum descendente dele reinasse sobre eles; outros, os da tribo de Judá, sempre leais a Davi. Os de Israel aproveitavam qualquer movimento político contra Davi para se aliarem a esse movimento. Assim era bem complicado governar sobre essa nação. E como Davi nem sempre se lembrava de consultar a DEUS, por meio de algum profeta, seus erros complicavam ainda mais a situação. E, estando dependente de Joabe, que agia com interesses pessoais, como o rei poderia governar? Tentara substituir Joabe por Abner, depois por Amasa, e nessas vezes, os substitutos eram mortos. Joabe era excelente comandante quanto a estratégias militares, mas não era confiável, e muito dado a artimanhas políticas à parte do controle do rei.
Lição para aprender. Não sejamos interesseiros. Sejamos fiéis a nosso Senhor, humildes e mansos, seguindo-O em seus ensinamentos, isto é, fazendo a Sua vontade. Na igreja, nunca fazer nada por interesses pessoais ou de grupos que se formam.

  1. Quinta: A última parada de Joabe
Joabe conhecia a DEUS, mas não O respeitava, nem O temia e nem O obedecia. Ele seguia a sua própria vontade. Assim foi sua vida. Matava quando queria, fazia negociatas políticas quando queria, criava condições ou se aproveitava delas para obter poder e dominava até sobre o rei. Quando chegou a hora de Davi passar o trono adiante, Joiada percebeu que com Salomão seria diferente. Ele certamente já vinha estudando esse Salomão, definido por DEUS a ser rei. Preferiu a Adonias, com quem tinha amizade (1 Reis 1:7). Para continuar com o poder que havia formado durante o reinado de Davi, o rei teria que ser Adonias, não Salomão. DEUS decidiu por Salomão, mas Joabe decidiu por Adonias. Portanto, o apoio que deu a Adonias, no momento em que este decidiu reinar, foi por interesse, de continuar manipulando o futuro rei, e tê-lo nas mãos. Para isso contou com o apoio de Abiatar, o sacerdote mais velho.
Mas esse plano não deu certo. Era um plano que afrontava, não apenas uma decisão de Davi, mas de DEUS. E quem pode batalhar contra DEUS e se sair vitorioso? Estava chegando a vez de Joabe cair. No mesmo dia em que Adonias festejava o início de seu reinado também teve que amargar o final dele, pois Davi, por meio dos conselhos de Bate Seba e do profeta Natã, entronizou Salomão como rei. Todos aqueles que apoiaram Adonias, ao saberem disso, se dispersaram, e cada um foi para a sua casa, tremendo de medo do novo rei.
Mas Adonias não desistiu tão facilmente. Ele, ao que parece, era persistente, mas não sábio. Em novo conluio, com algum tipo de apoio por parte de Joiada e de Abiatar (1 Reis 2:22), ele, por meio de Bate Seba, mãe de Salomão, pediu Abisague, a sunamita, por mulher (mais uma). Essa Abisague era a moça que dormia com Davi, em seus últimos dias até que morresse, para o aquecer. Ora, casando-se com ela, ficava evidente aos seus simpatizantes que ele teria mesmo direito ao trono, pois ela era vista como uma espécie de concubina do rei anterior. Assim, sendo ele também o filho mais velho de Davi, poderia, quem sabe, organizar, com apoio de Joiada e de Abiatar, outra revolta, dessa vez, contra Salomão.
O rei Salomão percebeu de imediato essa jogada (1 Reis 2:22), e mandou matar Adonias, seu próprio irmão. A Abiatar Salomão até deu um perdão condicional. Ele teve que ficar quieto em suas terras, e nunca mais se envolver em nada, para continuar vivendo, e foi o que fez. Salomão considerou que Abiatar sempre fora fiel a Davi, ao contrário de Joabe, que o manipulava. E a Joabe, dessa vez Salomão não teve mais misericórdia, mandou que fosse morto, e a razão que apresentou foi que ele também havia matado à traição três pessoas inocentes daquelas mortes. Assim como Joabe matou, do mesmo modo foi morto.
Assim é a vida: o que semeamos, isso colheremos.

  1. Aplicação do estudo Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Joabe conviveu com Davi por um pouco mais de 40 anos. O caráter de Davi é o que DEUS aprova, isto é, uma pessoa que erra, comete pecados, mas se arrepende facilmente. Quantos foram os reis de Israel e de Judá, que ao serem alertados de seus erros, em vez do arrependimento, mandavam matar o profeta? Não foram poucos. Mas Davi, nesse sentido, era e é exemplo a todos nós. Contudo, Joabe, não aprendeu de Davi como desenvolver um caráter maleável. Não se tem uma linha nos escritos sobre alguma vez que se tenha arrependido.
Não sabemos se Joabe está ou não salvo. Quem dera que sim. Pois então poderemos falar com ele sobre aqueles tempos de guerra, de conquistas e muita luta. Ele e Davi foram homens de guerra, e muita guerra. Mas, salientamos mais uma vez, Davi errava, sim, mas possuía bom coração, e era homem compreensível, porém, Joabe possuía coração duro, frio e interesseiro. Ele era voltado aos seus interesses próprios, e fazia tudo por esses interesses. Ele não era de todo leal, permanecia com Davi por seus interesses.
Para nós resta meditar, e muito. Com quem somos parecidos? Com Davi? Ou com Joabe? Se formos parecidos com Davi, então também seremos parecidos com JEUS, com a diferença que este não pecou. Nós, que temos o mal na carne, que somos atraídos para o pecado, e quando vemos, já pecamos, devemos agir como Davi: sempre estarmos prontos para nos arrependermos.
Nesses últimos dias aqui na Terra, é seguro ser uma pessoa humilde e de vida simples. É seguro nos mantermos afastados dos atrativos do mundo, em especial, de suas modas artificiais, do lazer e passatempos que atraem para a competição, e da valorização do eu. Aqueles que realmente desejam ser salvos, não terão uma vida superficial. Esses superarão suas fraquezas com o poder de DEUS. Para que consigam superar as tentações, eles andarão com JESUS, como Enoque, e isso é fácil de se fazer. É necessário orar todos os dias, ler diariamente, com oração e meditação, ao menos um capítulo da Bíblia, buscando aprender dela e descobrir como JESUS vivia, estudar as lições da Escola Sabatina, e ler, por ano, ao menos um livro do Espírito de Profecia. Essa seria, digamos, uma receita mínima, para ter conhecimento. Há muitos irmãos que estão tentando a salvação, sem conhecimento. Eles fracassarão, pois tomarão decisões em sua vida baseadas no “eu acho”. Foi assim que Joabe viveu. Foi um herói como guerreiro, mas um fracasso na vida espiritual.

escrito entre:  06/09 a 12/10/2010
revisado em  13/10/2010
corrigido por Jair Bezerra


Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos. Entende que há servos sinceros e fiéis de DEUS em todas as igrejas que no final dos tempos se reunirão em um só povo e serão salvos por JESUS em Sua segunda vinda a este mundo.

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