Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Quarto Trimestre de 2010
Tema geral do trimestre: Figuras dos Bastidores
Estudo nº 05 – Abigail: Senhora das Circunstâncias
Semana de 23 a 30 de outubro
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil
Verso para memorizar: “No coração do prudente, repousa a sabedoria, mas o que há no interior dos insensatos vem a lume” (Prov. 14:33).
Introdução de sábado à tarde
Nessa semana estudaremos uma história bem interessante. Há lances e fatos curiosos. Trata-se da história de Abigail. Ela era uma mulher sobremaneira bonita e assim, de igual forma, também era inteligente. Mas fora casada com Nabal, homem muito rico, certamente por herança, mas que não possuía sabedoria. Ele era uma pessoa que não sabia avaliar as circunstâncias, e cometia erros bobos, como os de quem não pensa nas consequências do que vai fazer.
O nome Abigail quer dizer algo como “o orgulho do pai”. Refere-se a uma mulher determinada, corajosa, inteligente, sábia. E Nabal quer dizer “tolo”. É evidente que quem faz o conceito do nome é a pessoa que o possui. Judas, por exemplo, quer dizer traidor ou inimigo na trincheira, mas assumiu esse sentido porque Judas agiu dessa maneira. O nome de cada pessoa possui o conceito que o caráter dessa pessoa vai formando na mente das outras pessoas. Por exemplo, que conceito lhe vem à cabeça quando se lembra dos seguintes nomes ou apelidos: Adolf Hitler; Lalau e Fernandinho Beira Mar? Vem à mente o conceito que eles mesmos criaram. E qual conceito que lhe vem à mente, ao lembrar esses outros nomes: Davi, João Batista, Ester e Maria, mãe de JESUS? E o que lhe vem à mente ao ouvir o nome de JESUS? O conceito que as pessoas têm ao lembrarem de um nome vem daquilo que a pessoa formou ao longo da vida.
“A piedade de Abigail, como a fragrância de uma flor, se desprendia inconscientemente em fé, palavras e ações. O Espírito do Filho de Deus habitava em sua mente. Seu coração estava cheio de pureza, bondade, e amor santificado. Suas palavras, temperadas com graça, e cheias de bondade e paz, espalhavam uma influência celestial. Impulsos superiores surgiram em Davi, e ele tremeu ao pensar em quais poderiam ter sido as consequências de sua precipitada resolução. Uma família toda teria sido morta, contendo mais do que uma pessoa temente a Deus, como Abigail, a qual se empenhara no bendito ministério da bondade. Suas palavras curaram o ferido coração de Davi.
“Quem dera que houvesse mais mulheres que acalmassem sentimentos irritados, impedissem resoluções precipitadas, e reprimissem grandes males por meio de palavras de calma e bem orientada sabedoria. "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." Mat. 5:9.
“Uma vida cristã consagrada está sempre difundindo luz, conforto e paz. É pureza, tato, simplicidade, e utilidade. É controlada pelo amor altruísta que santifica a influência. É cheia de Cristo, e deixa um rasto de luz onde quer que seu possuidor vá. Abigail sabia repreender e aconselhar com sabedoria. A raiva de Davi se extinguiu sob o poder de sua influência e argumentos. Ele se convenceu de que havia assumido uma linha de conduta imprudente, e de que havia perdido o controle de seu temperamento. Recebeu a reprovação com humildade de coração. ... E agradeceu e bendisse porque ela o aconselhou com razão.
“Há muitos que, ao serem repreendidos ou aconselhados, acham que é louvável receber a repreensão sem ficar impacientes. Mas quão poucos aceitam a reprovação com gratidão de coração, e bendizem aqueles que procuram preservá-los de adotar um mau procedimento.
“Abigail se rejubilou pelo fato de sua missão ter alcançado êxito, e por ter sido um instrumento para salvar sua família da morte. Davi se rejubilou porque, através de seu oportuno conselho, foi impedido de cometer atos de violência e vingança. Após meditar, percebeu que isso teria sido causa de descrédito para ele, perante Israel, e seria uma lembrança que sempre lhe teria causado o mais profundo remorso. Sentiu que ele e seus homens tinham o maior motivo para serem gratos. ...
“Quando Davi soube da morte de Nabal, agradeceu a Deus por ter tomado a vingança em Suas próprias mãos” (Refletindo a CRISTO, MM, 1986, p. 325).
- Primeiro dia: Alguém que ouça
Um erro atrai outro erro. O outro erro, o segundo, atrai mais outros, e assim sucessivamente, até que a situação degenere, e aí se tem uma briga ou guerra, enfim, a destruição. Davi era um homem que respeitava as pessoas. Em suas andanças com seus 600 homens precisava de suprimentos, principalmente alimento. Mas ele pedia isso aos moradores do interior. Ou ele fazia alguma batalha contra algum povo pagão. Fato é que Davi possuía muito suprimento e bens, despojos das guerras que fazia. Assim o grupo se sustentava. Perceba que 600 homens de guerra, comem, por mês, em torno de 36 toneladas de alimento. Precisam estar bem nutridos para lutar. Em guerra, muita gente passa fome, mas dificilmente os soldados. Na segunda guerra mundial havia fome na Europa e na Ásia, mas os soldados eram bem alimentados.
Então Davi, que estava nas cercanias das terras de Nabal, no tempo de tosquia, tempo em que os fazendeiros costumavam dar presentes, resolveu enviar dez moços para pedir a esse abastado alguma coisa para a sua campanha de guerra. Nabal era homem muito rico, mas de pouca capacidade intelectual quanto ao raciocínio sábio. Ele se via como o centro do mundo, e achava ser insuperável. Zombou de Davi, perguntando que ele era afinal. Insinuou tratar-se de algum escravo fujão de seu senhor. Ou se referia a Saul como senhor, do qual Davi fugia. Nabal desprezou Davi e o minimizou ao pó, mandando de volta seus homens, não apenas sem nada, como irritados pela forma como fora humilhado seu líder maior, que sabiam seria o futuro rei.
O relato dos dez homens incendiou a ira de Davi. De imediato, esse homem que foi tão sábio diante de Saul que tivera oportunidade para matar, mas não o fez, sem pensar muito determinou arrasar Nabal e suas propriedades. Houve o erro de Nabal, agora estava em andamento outro erro, o de Davi.
Então entra em cena uma mulher: Abigail, dona de muita sabedoria. Um empregado de Nabal, muito mais sábio que seu patrão, percebeu pelo semblante dos soldados de Davi, de como se viraram e foram embora, que coisa boa dali não viria. Dirigiu-se de imediato à esposa de Nabal, e lhe relatou o ocorrido. “Nabal acusou falsamente a Davi e seus homens para justificar seu egoísmo, e classificou Davi e seus seguidores como escravos fugitivos. ... Um dos jovens a serviço de Nabal, temendo os maus resultados que viriam no rastro da insolência do patrão, foi e informou o caso à esposa de Nabal, sabendo que ela possuía um espírito diferente do de seu esposo e era uma mulher de grande prudência. Ele descreveu o verdadeiro caráter de Nabal enquanto apresentava as dificuldades a ela, dizendo: "Agora, pois, considera e vê o que hás de fazer, porque já o mal está, de fato, determinado contra o nosso senhor e contra toda a sua casa; e ele é filho de Belial, e não há quem lhe possa falar." I Sam. 25:17” (CRISTO Triunfante, MM, 2002, 143). Ela também sendo sábia, interpretou o fato do modo correto, e passou a agir corretamente. Ela nem mesmo informou Nabal sobre o que faria, nem buscaria convencê-lo da situação de emergência que se formava contra todos ali. “Abigail viu que algo precisava ser feito para impedir o resultado da falta de Nabal, e que ela devia assumir a responsabilidade de agir imediatamente, sem o conselho de seu esposo. Sabia que seria inútil falar com ele, pois tão-somente lhe receberia a proposta com agressividade e desprezo. Repetiria para ela que era ele o senhor da casa, que ela era sua esposa e, portanto, sujeita a ele, devendo fazer o que ele ditasse. ... Ela reuniu os mantimentos que julgou necessários para aplacar a ira de Davi, pois sabia que ele estava decidido a vingar-se pelo insulto recebido” (CRISTO Triunfante, MM, 2002, 143).
Ela juntou alguns empregados, preparou um belo presente, e de imediato foi até Davi. Lá, em ato de humildade, falou ao coração de Davi, pedindo perdão e denunciando a estultícia de seu marido. “Encontrou-os no encoberto de um monte. "Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra. E lançou-se a seus pés, e disse: Ah, senhor meu, minha seja a transgressão; deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos." I Sam. 25:23 e 24. Abigail dirigiu-se a Davi com tanta reverência como se falasse a um rei coroado. Nabal tinha escarnecedoramente exclamado: "Quem é Davi?" (I Sam. 25:10) mas Abigail chamara-o "senhor meu." Com amáveis palavras ela procurou abrandar-lhe os sentimentos irritados, e pleiteou com ele em favor de seu esposo. Nada tendo de ostentação ou orgulho, antes cheia da sabedoria e amor de Deus, Abigail revelou a força de sua devoção para com sua casa, e esclareceu a Davi que o procedimento indelicado de seu marido de nenhuma maneira fora premeditado contra ele como uma afronta pessoal, mas que simplesmente tinha sido a explosão de uma natureza infeliz e egoísta” (Patriarcas e Profetas, 666).
Um erro puxa outro erro, mas a resposta branda suaviza e resolve os problemas, mesmo os grades.
- Segunda: Ações falam mais alto que palavras
Vamos narrar os fatos de um modo sucinto. Pensemos nas cenas e nas motivações das pessoas.
Os dez homens de Davi saíram de diante de Nabal humilhados. O arrogante Nabal havia desprezado o seu senhor, junto do qual lutavam, em quem acreditavam. Esses homens eram fiéis a Davi, senão não estariam com ele em suas jornadas de aventuras.
Ao eles chegarem diante de Davi, certamente lhe passaram seus sentimentos de ódio pelo que ouviram, sentimentos em nome de Davi. Isso é natural a seres humanos. Por isso devemos ter grande cuidado ao levar uma notícia ou informação a outras pessoas. Conforme falarmos, podemos influenciar para o bem ou para o mal. Dependendo com que sentimentos transmitirmos a informação podemos incendiar as emoções e motivações de outras pessoas, e induzi-las a erros graves.
Davi não perdeu tempo. Convocou 400 homens dos 600 que estavam com ele, e se dispôs a marchar até às posses de Nabal afim de matar todos as pessoas do sexo masculino. Ficou apossado de um desejo de vingança. Nisso empenhava-se sem perda de tempo.
Por outro lado, Abigail, também sem perda de tempo, aprontou um presente de luxo, do melhor que possuía, para levar até Davi. Ela bem sabia do risco que todos estavam correndo. Dos dois lados havia pressa: de um, para fazer justiça com as próprias mãos; do outro, para tentar resolver o problema de forma inteligente, como DEUS deseja, não como nós seres humanos muitas vezes achamos melhor.
Encontraram-se os dois grupos no caminho. Eram 400 homens de um lado e uma mulher com um punhado de servos e um presente de outro lado. E DEUS estava no meio.
Essa história se repetia. Séculos antes, Jacó, com um presente e um grupo de homens se achegava humildemente diante de Esaú com seus 400 valentes guerreiros, para tentar aplacar a ira de destruição que estava em seu irmão. A humildade, nas duas ocasiões venceu o ódio. Isso pode nos servir de lição, pois, em nossas famílias, muitas vezes falta humildade. O ótimo é quando as duas partes, ou todas as pessoas, havendo problemas na família, se tornassem humildes. Assim se resolveriam todos os problemas. Se apenas uma parte se tornar humilde, há grande chance dos problemas se resolverem. Mas se as partes não cederem em nada, só uma coisa é certa: os problemas aumentarão, até que algo ruim aconteça.
Abigail parou bem diante de Davi. Este deve ter ficado boquiaberto pelo fato de uma mulher tão linda e sábia ser a esposa de um homem tão imbecil. É de se crer que ele tenha ficado mudo diante da cena inusitada. O que ele via? Uma mulher encurvada, rosto ao chão, em atitude de grande humildade, dizendo que seu marido é um homem sem capacidade de bom senso, e que ela não estava no local quando os dez moços pediam um presente a Nabal. Estivesse ali, a história seria diferente. Agora ela tentava impedir que Davi cometesse outro erro, derivado do primeiro. Ela fez Davi entender que jamais ele, o futuro rei em Israel, merecia ter inimigos tão insignificantes como Nabal. Um rei não deve se envolver com pessoas bobas, desmioladas e insignificantes. Não vale a pena.
E Davi ouvia. Agora era influenciado por palavras suaves, humildes e carregadas de inteligência. Eram poderosas palavras. E ele certamente percebia toda a beleza da mulher. Deve ter pesado: que pena que essa mulher está casada com um tonto que não vale nada, embora muito rico.
Nabal era tão sem caráter e sem percepção das cosias que nem notou a ausência da mulher. Voltando ela, este estava em meio a uma festa, bebendo e se divertindo. Será que ele não comemorava sua atitude com Davi? Um dia saberemos, mas é uma possibilidade. Se ela não fosse até Davi, seria assim que encontrariam Nabal, bêbado, e matariam a todos sem a menor resistência. Bem assim como foi destruído Belsazar, o rei de Babilônia, quando ele e seus grandes bebiam vinho enquanto os inimigos entravam por baixo dos muros, pelo leito seco do rio Eufrates.
No dia seguinte, ao Abigail chamar Nabal e lhe contar o que havia ocorrido, este se deu conta do risco que haviam passado, e ficou entorpecido, tão apavorado que perdeu a capacidade de raciocinar. Entrou em estresse profundo. Veja só, ele que queria ser grande coisa, agora, diante de seus muitos servos, tem de passar pela vergonha de ter sido salvo por sua mulher. Enquanto a mulher agira pela vida deles, faziam festa. E nem ao menos teve o bom senso de, após ver a sua burrice, agradecer a mulher e concertar as coisas, isto é, ir ele mesmo até Davi, levando mais presentes, e fazendo uma boa aliança. Assim se redimiria, e teria paz. Mas Nabal nunca havia desenvolvido o entendimento das atitudes sábias. Ele vendo o que quase acontecera, ficou petrificado por uns dias, até que morreu.
Não demorou muito, Davi soube da morte de Nabal, e deve ter pensado, “aquela mulher inteligente e bonita merece ser esposa de rei.” Que ninguém tenha dúvidas dele ter-se encantado por sua beleza e inteligência. Mandou chamá-la para ser sua esposa. E ela foi. Ela deve ter pensado: bem melhor ser esposa de um rei do que de um Nabal... Em lugar de Nabal, com Davi, “nada mal”.
- Terça: Tempo de falar
Diante de Davi, Abigail foi uma pessoa nobre. Ela foi nobre como JESUS foi a caminho da cruz. Ela portou-se com nobreza celeste. Ela não foi a Davi para convencê-lo do que deveria fazer, nem tão pouco para impedir que fizesse algo. Ela simplesmente expôs os fatos, e lhe encaminhou sugestões, para que Davi decidisse o que fazer.
A primeira coisa que fez foi saudar Davi como ele já sendo rei, chamando-o de senhor, e ela se posicionando como sua serva. Então ela disse a Davi algo de grande sabedoria, que ele não se importasse com Nabal, filho de Belial (satanás), que ele não passa de um louco. Então ela, numa atitude de grande coragem, expôs a Davi que, por ela, DEUS estava impedindo o derramamento de sangue, de um louco, Nabal, e de inocentes, os servos dele. Ela pediu que os inimigos de Davi fosse todos como Nabal, isto é, desmiolados e sem sabedoria, portanto, fáceis de serem vencidos. Na verdade, assim foi.
Na sequência ela ofereceu os presentes a Davi. Por fim, ela pediu que Davi os perdoasse. O perdão que ela pediu foi a ousadia dela mesma ter-se apresentado diante de Davi. Desejou que DEUS fizesse firme a casa de Davi, e que os inimigos dele fossem sempre derrotados. Ela lembrou que Davi era o ungido do Senhor, e que seria rei em Israel. Então, de uma sabedoria impressionante, ela disse que, no futuro, sendo ele rei, este sangue que derramaria com a vingança contra Nabal, não viesse a lhe ser uma tortura, dor na consciência, por ter feito algo precipitado. Evitando essa precipitação, certo seria de que o seu reino teria mais solidez, pois não haveria nada do que acusar Davi ao ele ter de ser juiz e fazer justiça de modo precipitado. E também o seu caráter não ficaria manchado.
Davi bendisse ao Senhor por ter enviado aquela mulher, e assim evitado o derramamento de sangue por causa de motivos tão pequenos e insignificantes, que antes, tendo o seu íntimo ferido, lhe pareciam enormes.
Esse encontro nos ensina uma grande lição. É a lição do poder da humildade com sabedoria. Devemos todos procurar conhecimento e sabedoria. Só conhecimento não é suficiente; só sabedoria não é possível. Não há como ter sabedoria sem conhecimento, mas pode-se ser muito astuto e mal educado, mesmo tendo conhecimento. Os filhos de DEUS, nesses últimos tempos, terão o conhecimento da verdade e a sabedoria do alto, e assim, serão vencedores contra o mundo e suas atrações. Quem é sábio distingue o que é conveniente do que não é. Mas quem não tem sabedoria, a propaganda lhe diz como deve viver, e assim, mesmo dentro da igreja, vai cada dia perdendo um pouco mais da vida eterna.
- Quarta: O que Abigail se recusou a fazer
Hoje, não poucas mulheres são casadas ou de alguma forma unidas com homens destituídos de sabedoria. Muitos abusam de suas esposas, até batem nelas, e tornam a vida delas um inferno, sem perspectivas de realização do sonho de toda mulher: ser feliz com alguém. Estão a trabalho do grande inimigo da vida e da felicidade. A tal ponto é intenso esse problema que até há lei para esses casos bem como delegacias de polícia especializadas em defender as mulheres. Também as mulheres estão sendo incentivadas a buscar ajuda, ou, nos casos extremos, buscar socorro, denunciar e se proteger. Afinal, ninguém veio a esse mundo para ser saco de pancada de um metido a pugilista, ainda mais de um homem com quem uma mulher se uniu em busca da felicidade.
Aliás, as moças que ainda são solteiras, cuidem na escolha do parceiro da vida. Não é a aparência nem a posição social que devem observar ao escolherem seu cônjuge para toda a vida. Devem olhar para o caráter. E outra coisa, nesses dias atuais, por pouca coisa os casais se separam. No entanto, a vida é bem melhor, mais interessante, se for de acordo com o plano de DEUS, isto é, se o casamento for cimentado pelo amor. A cada ano a vida de um casal que se ama torna-se melhor e mais prazeroso de ser vivido.
Abigail era uma mulher incrível. Certamente não vivia os sonhos de uma princesa com um marido, desde criança sonhado. Naqueles tempos as mulheres deviam casar com um homem escolhido pelos pais, ou algum homem a escolhia, e ela não podia rejeitar. Esse tipo de coisa jamais deveria ter feito parte da história. DEUS fez homens e mulheres livres, e devem sempre ter o direito de fazerem suas escolhas. Ainda mais aquelas escolhas para toda a vida. A nossa personagem dessa semana estava casada com um homem que jamais deveria ter essa mulher. Não a merecia. Ela, sábia; ele, tolo, como diziam, filho de Belial. Essa expressão significava alguém que simpatizava com o demônio, portanto, uma pessoa de difícil trato. Não significava que um filho de Belial se tivesse entregue a satanás, mas que o seu comportamento era como alguém vinculado a satanás.
Agora, tente imaginar a vida de Abigail. Como essa mulher se sentia ao lado de um homem assim! Feliz é que ela não era, isso é evidente. E tente imaginar, ela, submissa a um homem como Nabal, por toda a vida. A vida dela estava fadada a nunca ser feliz. Ou acha que uma mulher pode ter alguma esperança de mudança da situação, sabendo que ele não tem sequer percepção de que a vida poderia ser melhor? Na verdade, nem ele era feliz, pois o seu estilo de vida, embora lhe satisfizesse, não lhe permitia conhecer possibilidade melhor. Vivia o seu mundo como numa prisão psicológica, sem jamais ter tido a curiosidade de buscar descobrir se a vida poderia ser diferente.
Pois bem, agora raciocine comigo. Nessas condições, com um homem desses, fadada a ser uma mulher sem jamais experimentar a verdadeira felicidade, ela teria ou não tentação de se livrar dele? Tudo indica que sim. Mas em tudo o que ela fez, após o infeliz episódio de Nabal com os moços de Davi, não há o menor indício nesse sentido. Pode-se auferir que, ela, tendo uma oportunidade de, digamos, se livrar de Nabal, mesmo assim, foi fiel a ele, e foi correta e verdadeira com Davi. Ela falou toda a verdade a Davi (vide no comentário do texto da lição, muito bem elaborado).
O que ela poderia ter feito, mas que não fez? Ela poderia ter fugido para outro lugar e deixado que Davi exterminasse a Nabal. Para isso, ela poderia ter levado consigo os melhores empregados, para voltar posteriormente e reconstruir tudo. Ela poderia ter tido outro plano, um pouco mais promissor. Poderia ter ido a Davi e sugerido que este liquidasse apenas com Nabal, denunciando-o como um homem cruel, que a fazia sofrer. Ela poderia ter ido a Davi para pedir socorro, que a livrasse de um homem como os próprios soldados de Davi relataram. E poderia ter-se apresentado a Davi de modo a seduzir sua atenção e interesse por ela. Enfim, poderia ter tido outros planos, para se livrar de Nabal, que nesse episódio foi a única causa dos maus ressentimentos. Mas isso ela não fez.
Ela, na verdade, correu certo risco. Com o gênio intratável de Nabal, se este descobrisse que a sua esposa estava indo em direção a Davi, com um presente e alguns de seus moços, era de supor de que esse homem louco fosse atrás para mais outro de seus atos precipitados, como de costume. Se ele soubesse, podemos ter certeza, isso não ficaria por nada, ele faria algo de ruim.
Abigail foi honesta e sincera. Ela não condenou seu marido, mas também não o acobertou. Ela falou toda a verdade, e foi educada e diplomática. Ela não disse, por exemplo, que estava farta daquele homem, embora é de se supor que fosse assim. Ela o suportava submissa.
E mais, ela defendeu Davi de fazer outra loucura. Lembrou a Davi que ele era o ungido escolhido de DEUS. E ela mostrou aqui a sua sabedoria, vinda de um caráter que conhecia DEUS como poucas pessoas. Em vez de tentar se livrar de Nabal, ela preferiu impedir que Davi se desse mal, envolvendo-se com uma vingança inútil. E toda vingança em si é um erro. Ela poupou Davi de se prejudicar e de criar um precedente ruim para o seu futuro reinado. E veja só o que mais: Nabal seria um tipo de Saul. Assim como poucos dias depois este homem viria a morrer, sem que Abigail nem Davi fossem responsabilizados, do mesmo modo, em algum tempo no futuro, o tolo Saul também morreria. Até podemos dizer que Nabal estava servindo a Davi como um prognóstico do que aconteceria a Saul. Assim como Davi não deveria matar Nabal, também não o deveria fazer com Saul. E perceba só que interessante, pouco depois desse incidente, depois de Nabal morrer, Davi outra vez teve oportunidade de matar Saul, mas ele não o fez. Saul morreria, como disse Davi, de morte natural, ou em alguma batalha.
Sem que Davi nem Abigail movessem um dedo, sem que fizessem alguma coisa, tanto a mulher se viu livre de um homem imprudente, que a fazia passar vergonha e sofrer, como também ela teve por marido, o rei do país, da nação que ela mesma havia defendido fosse estável, ao impedir Davi de cometer um erro. Quando nós nos valemos da sabedoria do alto, tudo o que não devemos, mas que de alguma maneira deve ser feito, DEUS fará. Nabal e Saul deveriam morrer, mas não por mãos humanas. Assim foi.
- Quinta: Dentro e fora
Como foi que Davi recebeu as palavras de Abigail? Parece evidente que Davi, nada bobo, mas suscetível a perder a cabeça a se irritar e então agir precipitadamente, visse duas coisas em Abigail. Ao ver aquela mulher, elegante e bonita, em atitude de humildade, e ao falar utilizar palavras escolhidas com muita inteligência, e elaborar um discurso recheado de sabedoria, é de se supor que ficasse impressionado. Jamais era de esperar, da parte de Nabal, viesse alguém, de forma inusitada, falando daquela maneira. A pergunta que se poderia fazer, e com razão, era: poderia vir algo sábio e inteligente de Nabal? Pois veio. E era tão inteligente que traçou diretrizes de governo para um rei escolhido por DEUS. No caso, Davi aprendeu que, como rei, não deveria perder a cabeça, não se deveria precipitar em atitudes vãs, e que não se deveria envolver com miudezas, nem com pessoas tolas. Ele deveria, como rei, tratar de assuntos de alto nível. Reis não devem cuidar de pequenos detalhes, isso fica para os assessores. Reis devem governar. E de quem Davi apreendeu essas diretrizes? Da mulher de um filho de Belial, de um homem cuja cabeça, além de servir para fazer coisas imbecis, só servia, também, para ali crescer cabelo (se ele na verdade os tinha).
Ao Abigail retornar, o que ela presenciou? O seu maridinho, criador de problemas, todo inconsequente, fazendo festa, e bêbado. Ora, só em pensar, é de se ter dó dessa mulher, talentosa e atraente, vivendo ao lado de um desmiolado. Nesse mundo tem cada uma, não é mesmo? Que destino o dessa mulher! Um homem que, certamente não servia nem para as incumbências de macho, senão, como um animal faminto. Ou, o que se poderia dizer desse homem, melhor que isso?
No dia seguinte, ela falou tudo a Nabal. Prudentemente ela aguardou melhores condições para dar-lhe a notícia do que foi por ela evitado. O homem ficou tão estressado com o que quase aconteceu, com o que seria dele nesse momento, não fosse a sua esposa, que sua mente entrou em colapso de temor, e ficou todo petrificado. Algum mal o acometeu, e não pôde mais reagir. Se tivesse tido algum surto de eventual sabedoria, teria ido em direção a Davi e humilhando-se feito as pazes. E isso seria possível, pois Davi já havia desistido da vingança, e até agradecera a Abigail pelo que ela evitou; não voltaria atrás e não cairia pela segunda vez no mesmo erro. Mas não, ele, sem saber o que dizer e o que pensar, entrou em colapso psicológico e dez dias depois morreu.
Davi também não perdeu tempo. Ao ver Abigail, ao ouvi-la, deve ter pensado: quem foi que arranjou esse casamento, quem foi que pôs essa linda e sábia mulher nos braços desse tolo? Deve ter-se indignado com a sorte dela. E não seria de estranhar que também pensasse: “quem dera eu tivesse chegado antes, e a tivesse por esposa”. Fato é que, sabendo da morte de Nabal, sem perda de tempo, isto é, antes que outro espertalhão a tomasse, mandou uma proposta de casamento a Abigail.
E qual foi a resposta dela? Foi uma resposta de quem queria exatamente isto, pois, mais uma vez, do alto de sua sabedoria ela se mostrou uma autêntica mulher filha de DEUS, e numa composição de palavras tais quais JESUS, de decisão de estilo de vida tal como JESUS, disse: “Eis aqui tua serva [isto é, estou a disposição], é criada para lavar os pés dos criados de meu senhor.” Nisso ela estava dando a entender que Davi poderia ter a liberdade de escolhê-la, ou não. Assim como JESUS diria no futuro “Eu vim para servir, não para ser servido”, ela se dispôs a lavar os pés dos servos de Davi, afinal, uma vida assim seria bem melhor que esposa de um tolo, Nabal. Mas a sabedoria de Davi entendeu tudo, e um sábio escolheu uma sábia por esposa. A mulher que dera algumas diretrizes importantes para um rei tinha tudo para ser rainha, e não ficar como mulher de um desmiolado, que em meio a iminência de uma tragédia por ele mesmo provocada, fazia festa e bebia vinho.
- Aplicação do estudo – Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Veja só, o que se pode dizer? Nabal, filho de Belial, mas, Abigail, a esposa, filha de DEUS. Isso é verdade. Assim se diria num primeiro momento. Num segundo momento, se diria: Abigail, filha de DEUS e Davi, o homem segundo o coração de DEUS. Melhorou, não é?
Abigail era uma mulher autêntica. Ela seguia a sabedoria do alto, que estava com ela, aconselhando o futuro rei a ser um nobre, a ter atitudes de elevado nível, fazendo-o não por interesse, mas em sua normal e sincera maneira de viver e proceder. Ali estava uma mulher que aprendera muitas coisas importantes ao longo da vida. DEUS estava com ela. Ela evitou que Davi se nivelasse por baixo, que se envolvesse com ninharias, e com pessoas desprezíveis.
E Davi, caindo em si, recebeu o conselho dela, que na verdade incluía algo de repreensão, [veja o que estás por fazer, pagando loucura com loucura], de advertência [para noutras ocasiões pensar melhor e não se precipitar de novo], de direção [aja com prudência e com a sabedoria do alto] e de inspiração [vê se você mesmo, Davi, não se case com uma mulher do tipo que era Nabal]. Essa última parte estava totalmente implícita. Era de perceber, não de dizer. Com aquelas palavras de Abigail, Davi teve uma aula de governo, como agir em ocasiões de desafio vindo da parte de tolos. E é bem frequente ainda hoje sermos desafiados por pessoas tolas, de atitudes impensadas e precipitadas. Que sejamos como Abigail, sábios para pensar, e como Davi, prontos a receber conselhos, orientações e até repreensões. A Davi essa atitude foi muito útil para um bom governo, e ainda lhe rendeu um casamento interessante. A nós, pode nos servir para sermos bons servos agora e no Alto Clamor, e o alcance da vida eterna. Nada de se desprezar, não é?
escrito entre: 16/09 a 22/09/2010
revisado em 23/09/2010
corrigido por Jair Bezerra
Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos. Entende que há servos sinceros e fiéis de DEUS em todas as igrejas que no final dos tempos se reunirão em um só povo e serão salvos por JESUS em Sua segunda vinda a este mundo.