terça-feira, 12 de outubro de 2010

Comentário da Lição - Prof. Sikberto Renaldo Marks - Lição 3 - 4º Trim. 2010


Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Quarto Trimestre de 2010
Tema geral do trimestre: Figuras dos Bastidores
Estudo nº 03    Ana: Aprendendo a Ser Alguém
Semana de   09 a 16 de outubro
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
www.cristovoltara.com.br - marks@unijui.edu.br - Fone/fax: (55) 3332.4868
Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil


Verso para memorizar: “Então, orou Ana e disse: O meu coração se regozija no Senhor, a minha força está exaltada no Senhor; a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto me alegro na Tua salvação. Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de Ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso DEUS” (I Sam. 2:1 e 2).

Introdução de sábado à tarde
Hoje a lição destaca o “valor próprio”, ou “autoestima”. A Bíblia diz que devemos amar os outros tanto quanto amamos a nós mesmos. Isso significa que devemos nos amar, evidentemente. Mas há dificuldades. Foi o caso de Ana. Ela era esposa de Elcana, e havia outra esposa. Era um tempo em que a cultura admitia como normal um homem ter várias esposas, embora DEUS já houvesse definido, na criação, que cada homem tivesse uma esposa, quando disse: “e una-se à sua mulher”. Ele não disse, una-se a mulheres. E nem uma mulher deve casar-se com mais de um homem, o que na prática é mais raro.
O fato de Elcana ter-se casado com duas mulheres já trouxe problemas, para ele e para as duas mulheres. Elas competiam entre si, o que é óbvio. E para piorar a situação, a outra, Penina, engravidava, mas Ana não. Daí ela se tornou motivo de chacota. E Elcana dizia a Ana que a amava mesmo assim... Quem acredita numa conversa dessas, se havia outra mulher? É óbvio que Elcana colocou Ana numa situação de desvantagem, e ela sofria com isso, e havia grandes motivos. O pior é que ela se sentia inferiorizada, diante do marido, diante da esposa rival e diante da sociedade. Vá saber o que falavam a respeito dela. Certamente coisas do tipo: que pecado Ana cometeu para ser estéril?
Mas nessa situação toda, havia DEUS. E Ana confiava nEle. E DEUS usou a fidelidade espiritual dela e a sua necessidade para resolver um grande problema em Israel: a falta de um líder espiritual. Pois o atual, Eli, e também seus filhos, já não serviam mais, haviam se corrompido. Ana era a mulher ideal, pela situação em que se encontrava, para o propósito de DEUS, em conceber um menino que fosse, não só a solução para a angústia de Ana, mas para a degeneração espiritual de toda a nação. Veja só: que contradição, enquanto a sociedade e a cultura da época condenavam Ana por supostos pecados, desconhecidos de todos, para não ter filhos, DEUS a estaria utilizando para ser a solução de um grave problema de liderança entre o povo de Israel. Por isso é bem melhor e mais seguro buscar saber o que DEUS pensa do que o que falam os seres humanos.
Portanto, quando você estiver se achando o pior de todos, aquele que está por baixo, que já não serve mais pra nada, cuidado. Não pense assim. Se estiver nessa situação, ore a DEUS, pois certamente Ele tem um plano nada pequeno para ser realizado, e você pode ser necessário para que esse plano se torne realidade. Com Ana foi assim.  Ela nem sabia, mas DEUS a usou para trazer ao mundo o grande profeta Samuel.

  1. Primeiro dia: Qual é o meu valor?
Nos tempos antigos, quando a população não era grande, quando o trabalho braçal era a única garantia de vida e não havia máquinas, quando as guerras eram muitas, ter muitos filhos era o que todas as famílias queriam. Principalmente filhos homens. A mulher era vista como procriadora, não muito mais que isso. Uma mulher que desse muitos filhos, principalmente homens, era bem vista pela sociedade. Mas uma mulher estéril era mal vista, pois sua utilidade naquela sociedade machista era nula. Essa sociedade, em que se faziam muitas guerras de conquista, como fez Israel, requeria muitos homens, porque assim ficava mais garantida a sobrevivência da família, e do povo. Quanto mais numerosa, maior era a probabilidade de sobreviventes em caso de ataques. Lembre que DEUS fez Israel se multiplicar muito no Egito, a ponto dos egípcios ficarem com medo da numerosidade do povo de DEUS. E lembre-se que os Israelitas, chegando em Canaã, deviam exterminar aqueles povos bárbaros, pagãos e cruéis, cujo limite da barbárie já atingira o ponto máximo. Eram os tempos em que se precisavam muitos homens, seja para a guerra, seja para a defesa, seja para a produção braçal. O valor da mulher era ínfimo. De fato, a mulher foi feita mesmo para o jardim do Éden, não para um mundo cruel como esse, cheio de ameaças, perigos e coisas terríveis.
Não foi só Ana que sofria o drama da sensação de inutilidade imposta por uma sociedade voltada para a guerra. As outras mulheres da Bíblia que sofreram por esterilidade foram:
Sara, veja em Gên. 16;
Rebeca, veja em Gên. 25.19-27;
Raquel, veja em Gên. 29;
A mãe de Sansão, veja em Juízes 13;
A própria Ana, conforme I Samuel 1:
Isabel, conforme em Lucas 1:7;
Todas essas mulheres foram estéreis, mas, veja bem, elas todas tiveram filhos depois de um tempo, pelo poder de DEUS, e seus filhos desempenharam papéis importantes para o povo de DEUS ao longo da história.
Ana era uma mulher aflita. Nesse tempo, a mulher estéril, já não bastava ser vista como sem utilidade, ainda era acusada pela sociedade como castigadas por DEUS, o que não é verdade. Mas a acusação era vista por todos como fato real, e a dita mulher estéril, por esse motivo, sofria bem mais. Nesse mundo os seres humanos são especialistas em provocar sofrimento. Poucos são os que se aperfeiçoam em buscar soluções. Nós, do povo de DEUS, devemos ser peritos em solucionar, como foi Daniel. Mas, na realidade s situação daquelas mulheres era o contrário do que se falava. Se for estudar o caso das seis mulheres da listagem acima, vai notar que DEUS as usou para Seus grandes propósitos. DEUS, portanto, queria muito bem a essas mulheres. E, por outro lado, elas, quando tinham filhos, cuidavam deles bem mais que as outras mulheres, pois viam nessa concepção um favor de DEUS. Esse foi o caso de Ana. Ela dedicou Samuel a DEUS, que se tornou um dos grandes profetas, num momento delicado para o povo de DEUS.
Ana era uma mulher especial. Ela possuía muita fé em DEUS. Note o seguinte, as pessoas dizendo ser ela castigada por DEUS, mesmo assim, ela mesma recorria a esse DEUS para orar por um filho. Ela queria por demais esse filho. E note agora mais uma coisa: ela não o queria para si, iria dá-lo para DEUS assim que o menino fosse desmamado. Aqui é que aparece o valor de Ana. Na sua aflição, meditou o bastante para confiar inteiramente em DEUS. Ela confiou num DEUS que, segundo as más línguas, a desprezava. Ela confiou tanto nesse DEUS que até chegou a entregar a Ele seu filho. Ela desprezou o que vigorava na cultura da época, e sozinha, confiou no único Ser que em suas condições a podia ajudar. E a ajuda veio. Ana é um exemplo de entrega a DEUS. Quando todos acusavam numa direção, ela creu na direção contrária; e o que fez foi o correto.
Ana é um exemplo para nós. Quando a cultura atual nos diz, por exemplo, que um filminho com alguma violência, ou alguma sensualidade, ou com ensinamentos que não concordamos, não faz mal. Se fosse Ana nos dias de hoje, ela diria: não vou assistir. Muito cuidado com a cultura, pois ela tem um poder que não podemos avaliar direito, de nos levar à perdição. Que não se espere das culturas humanas motivos e incentivos para que nos salvemos. Portanto, muito cuidado; temos que viver contra a correnteza da sociedade atual, que só vai de mal a pior, embora aos olhos de muitos pareça o contrário.

  1. Segunda: Com amigos como esses...
O marido de Ana era um homem dedicado a DEUS. “O pai de Samuel era Elcana, um levita, que morava em Ramá, no Monte Efraim. Ele tinha riqueza e influência, era um marido amável e homem que temia e reverenciava a Deus” (EGW, Signs of the Times (27 de outubro de 1881), vol. 7, no. 40). Era um homem que parecia bem devoto a DEUS, e tinha amor por Ana, mas os filhos ele conseguiu com Penina. Ou seja, era um homem, na igreja, consagrada, mas no lar, dividido. Na igreja ele agia assim: “Embora seus serviços não fossem exigidos no santuário, como muitos outros levitas durante o período dos juízes (Jz 17:8 e 9), Elcana subia como israelita comum com seus sacrifícios para encorajar seus vizinhos e dar-lhes bom exemplo. Embora vivesse em mau ambiente, evidentemente, sua espiritualidade tinha um nível elevado. Apesar de Ofni e Finéias serem corruptos, Elcana era fiel em sua adoração e no oferecimento de sacrifícios” (The SDA Bible Commentary, vol. 2, p. 455). Ao que parece, nesse lar, se repetia uma situação muito comum: na igreja uma coisa, em casa, outra. Sim porque havia duas esposas. Quantos casos hoje há de um aparente bom cristão, muito ativo na igreja, mas em casa, nem tanto. Ou, um tanto ingênuo no trato com os membros da família, criando situações constrangedoras e não vendo o que se passa.
Elcana criou uma situação negativa em seu lar casando com duas mulheres. Ele via necessidade para isso, o que veremos mais abaixo. Ana não podia ter filhos. Mas o maridão, dizia que a amava mais que a outra, que para ela ele valia mais que dez filhos. Que conversa sem sentido. O fato é que Penina tinha filhos e filhas, e Ana, nenhum. Fato é que Elcana casou-se com uma segunda mulher, a Penina, para ter os filhos que Ana não lhe dava. Aí que começaram todos os erros. Um homem tão devoto, mas sem fé em DEUS para resolver o problema de Ana. Elcana jogou a sua verdadeira mulher numa situação de tal desespero que essa mulher teve que lutar sozinha com DEUS, para ter filhos, e sozinha venceu.
Essa é a situação concreta. E Elcana não era sábio. Criava, em casa, motivos para Penina irritar Ana. Anualmente, quando subiam a Jerusalém para ofertar, ele dava alimento a Penina e a seus filhos e filhas, mas para Ana dava em dobro. Era um costume da época. Já nos tempos de José, do Egito, havia esse costume, pois deu comida em dobro no prato de Benjamim, mesmo que não desse para comer. Coisas da cultura daqueles tempos.
Penina não gostava das atitudes de Elcana; queria o marido para ela somente, o que é natural em qualquer mulher. Foi DEUS quem as fez assim. Uma mulher deve ser exclusiva de um homem, ou ela não consegue amar. Mas Ana também queria o mesmo marido para ela, da mesma forma. E Penina descontava os carinhos e deferências de Elcana em Ana, irritando-a com provocações excessivas, conforme I Sam. 1:6.
Resumindo, Elcana amava Ana e tinha filhos com Penina! Que confusão esse homem devoto arrumou em seu lar. Era devoto nos atos, mas não confiava em seu DEUS, e os filhos da outra que eram para ser para sua felicidade, lhe foram para maiores problemas, todos os dias. Como ele podia dizer que amava os filhos da segunda esposa, se amava menos a esta do que a primeira? Tente raciocinar a situação. É o mesmo que alguém dizer: “eu sou fiel a todas elas.” Elcana criou uma situação impossível de haver felicidade. Ali todos sofriam, inclusive Penina, pois sua situação de segunda mulher, de não preferida do amor do marido, a levava a ter ciúmes, por isso perseguia Ana. A situação da família desse homem nos permite muita reflexão sobre o que é certo e o que é errado e suas consequências.
Tente imaginar a situação de Ana: ter que viver assim, até o final da vida. Não havia para ela saída. Seu destino era sofrer sem jamais ter alguma alegria. Convivia assim, dentro da mesma casa, e todos os dias tinha que encarar uma rival provocadora disposta a perseguir com insultos, dando a entender que queria que Ana se suicidasse. E pelo relato bíblico, até dá para entender que Elcana não percebia isso, ou fazia de conta que não percebia. Ao menos assim se deduz pelas perguntas ingênuas que fazia a Ana, conforme I Sam. 1:8. Por exemplo: “Porque choras? Porque não comes?”. Se ele fosse mais realista, deveria perguntar: “a minha outra esposa te provocou mais uma vez?”, e teria tratado do assunto com Penina. Ao que parece, nunca fez isso, portanto, ao menos indiretamente, favorecia a situação. Mas havia esperança, e a única esperança de Ana era DEUS. Somente Ele, embora todos dissessem ser ela uma mulher castigada por esse DEUS. Seu marido, ela podia ver, não solucionaria o problema. Na verdade, a solução seria Elcana separar-se da sua segunda mulher, seja lá quem fosse. Não havia outra alternativa para ela. Ou DEUS a tirava dessa situação, ou o sofrimento só aumentaria, ano a ano, até que ela morresse.
Sabe qual era a segunda esposa de Elcana? Era Penina, pois ele não se sentia feliz sem filhos com Ana. Por não ter filhos com Ana, buscou e casou-se com Penina. “Mas este passo, motivado pela falta de fé em Deus, não trouxe felicidade. Filhos e filhas foram acrescentados à casa; mas a alegria e beleza da sagrada instituição de Deus foram mareadas, e interrompera-se a paz da família. Penina, a nova esposa, era ciumenta e dotada de espírito estreito, e conduzia-se com orgulho e insolência. Para Ana, parecia a esperança estar destruída, e ser a vida um fardo pesado” (Patriarcas e Profetas, p. 569).

  1. Terça: Derramando o coração
A aflição de Ana chegara ao limite. Já não estava suportando mais. Alguma coisa ruim deveria acontecer se nada mudasse. Se não houvesse mudança e se ela continuasse resistindo, certamente ficaria doente. Há pessoas que entram em depressão. Outras enlouquecem. Há as que tiram a sua vida. Pode ocorrer briga, revanche, alguma cilada, alguma vingança, coisas assim. No limite, algo precisa mudar, pois limite quer dizer: a situação tornou-se insuportável. Por exemplo, os adolescentes japoneses, chineses, sul-coreanos, etc., são postos sob uma pressão muito grande nos estudos. A família tem grande expectativa pelo desempenho escolar deles, e futuro desempenho profissional. Os pais, muitas vezes, querem ou exigem que seus filhos estejam sempre entre os primeiros. Mas nem sempre isso acontece, e não é desprezível a quantidade desses adolescentes que optam pelo suicídio. Só na China, onde ocorre o maior índice per capita, são 250 mil casos por ano, de suicídios ou tentativas, em jovens entre 15 a 34 anos. O estudo sobre Ana é para essas pessoas.
Ana, passando o limite do suportável, poderia ter optado por algumas das alternativas lembradas acima, ou poderia ter atentado contra a sua vida. Mas ela não foi por nenhum desses caminhos. Ela foi pelo caminho da solução completa, a mais desejável a ela, o que sempre queria. Ela queria um milagre, e isso só mesmo buscando em DEUS.
Ela aproveitou que estava no templo de DEUS (ainda era uma tenda), para onde ia com seu marido periodicamente, e de joelhos, “derramou seu coração a DEUS”. Isso quer dizer, ela se desmanchou diante de DEUS, se entregou por completo a Ele. Poderia ter feito isso antes, mas agora estava no limite de tudo. DEUS foi o último recurso. Ela tinha um plano, e apresentou esse plano a DEUS. Se Ele desse a ela o tão desejado filho, ela o devolveria a DEUS. Ela tão somente queria conceber, para ter paz em sua casa, e dar a seu marido a felicidade que o levou a buscar outra mulher. Não era uma revanche, era o seu direito de mulher.
DEUS ouviu essa oração como ouve a todas, e também a respondeu. Ele moveu o sacerdote Eli que fosse até ela. Esse homem, não muito fiel a DEUS pelo que sabemos, serviu, porém, como aquele que iria levar a Ana a resposta de DEUS. Primeiro Eli a teve como embriagada. Veja só a que ponto pode chegar um sacerdote. Isso se chama preconceito, ou, julgar antes de ver melhor o que se passa. Era uma mulher que se entregava como pouca gente faz, a DEUS, e ele foi lá repreendê-la. Já não bastava a angústia da mulher, em sua sensibilidade feminina, e ainda agora é acusada de mais uma coisa que ela não fazia nem fez: beber vinho. Mas ela foi gentil com Eli. Isso demonstra que Ana era uma mulher meiga. Então, Eli, ouvindo-a, e conhecendo seu drama, provavelmente em sua mente, falando para a consolar, disse o que DEUS estava querendo transmitir a ela. Bem antes que ela sentisse a gravidez, teve a resposta de que engravidaria. Assim como o fiel Daniel, em que o anjo do Senhor veio dar a ele esclarecimentos sobre as profecias, ainda enquanto ele orava, também à fiel Ana, nem ainda havia terminado a oração, DEUS interrompeu, e quis aliviar o seu sofrimento. Dali ela saiu cantando louvores a DEUS, e era outra mulher, feliz e realizada. Penina certamente redobrou suas provocações, pois não iria interromper, mas Ana já não se importava, tinha uma resposta de DEUS. Ela possuía fé, e se foi confiante para a sua casa. Agora seria uma mulher completa, com um filho.
Essa é uma lição para os nossos dias. São dias de perplexidade, de angústias, de insegurança, de muitos problemas. “Quando tudo falha” então é o momento de derramar o coração a DEUS, e ver a solução que vem do alto.

  1. Quarta: Cantando louvores
O caso de Ana é um desses em que a pessoa vai à igreja de uma maneira e volta de outra, bem melhor. Ela foi contrita, para fazer um pedido. Pelo visto, ela tinha fé. Deveria ser uma mulher informada sobre DEUS, a ponto de não se importar com o que diziam que DEUS a castigava por algum pecado. Ela foi a DEUS, falassem o que falassem as pessoas.
Ela recebeu a resposta que queria. Ela creu nessa resposta. Ainda não estava grávida, mas sabia que teria um filho. É assim que se deve ter fé. Nisso Ana é para nós um belo exemplo: ter um grande problema sem solução da perspectiva humana, confiar em DEUS, e ao perceber que Ele agiria, crer nisso. Perceba: Ana havia tempos que sofria, mas foi só depois de anos, enquanto Penina tinha filhos, por certo, quando Ana já não era mais tão jovem, quando sua capacidade de ter filhos diminuía, que ela sentiu a necessidade de recorrer a DEUS. Ela cresceu na fé nesses últimos tempos, adquiriu confiança em DEUS, e em certo momento, sentiu em seu íntimo que era chegado o momento de se entregar a Ele, junto com seu problema insolúvel.
Ao saber da resposta, creu. Voltou para casa, pouco depois engravidou, e teve um filho, que chamou por Samuel. Samuel significa literalmente:"Seu nome é Deus", ou, "Nome de Deus". Seu significado contextual significa: "Pedido de Deus" ou "do Senhor o pedi". Sim, ela creu a tal ponto que, tempos depois, voltando com o menino nos braços e entregando-o para o templo, voltou para casa cantando de alegria. Há tempos que não cantava assim, feliz, sorridente e segura de si. Estava com DEUS no coração, agora tinha certezas, não angústias. Como é bom, quando estamos em situação ruim, mas sabemos que vai ficar bom. Assim se sentia Ana: vai ficar bom. DEUS estava com ela, por isso, deu seu filho a DEUS, como prometera.
Ela também sentia que Penina não mais poderia afrontá-la. E ela deu a seu marido um filho. Esse era seu grande prazer em viver. E sabia que era DEUS quem estava agindo. Ela voltou em atitude de gratidão, pelo que DEUS ainda faria por ela e por seu marido. Mal ela sabia que DEUS faria muito mais do que terem um filho. Este viria a ser um grande profeta, que iria reconduzir Israel ao caminho da verdade. E ela teria ainda outros filhos e filhas.
Com esse filho, pelo qual ela orou, ficou provado que Ana não era uma desfavorecida de DEUS. Ficou provado, como foi para Jó, que DEUS não age assim como a sociedade muitas vezes fala. As más línguas tiveram que se recolher, e as mentes que falavam tais coisas, que reconsiderar. Na verdade, quem falava assim, sem saber, falava mal de Ana e de DEUS. Agora os dois estavam tendo seus comportamentos esclarecidos. Tanto Ana quanto DEUS não eram nada do que se dizia. Ela não era estéril por causa de pecados e DEUS não a estava castigando. Pelo contrário, Ele resolveu algum problema no corpo da mulher, que motivava a impossibilidade da concepção. Atualmente, ao menos em muitos casos, a medicina já sabe fazer isso também.

  1. Quinta: O plano de investimento de DEUS
Ana concebeu, e teve um filho que chamou Samuel. Ela cuidou dele por pouco tempo. Mas essa história é para nós, do século vinte e um, um exemplo de dedicação. Veja só, ela entregou o pequeno Samuel, que deveria ter em torno de três anos, a um sacerdote desleixado, que não soube educar nem mesmo os próprios filhos, sendo estes, corruptos e ladrões. Ela entregou seu filho a gente de má índole, embora fossem da igreja. Não é por ser da igreja que vai ser boa pessoa, e sim, se estiver em comunhão com DEUS. Aqui não era esse o caso.
Então, como é que Samuel foi um vitorioso espiritual? Como foi a educação dele? Que educação receberia naquele ambiente? Certamente nenhuma educação construtiva. Para ser um vencedor naquele templo, naqueles dias, Samuel já deveria vir pronto de casa, e estar ligado a DEUS, para não se deixar influenciar pelo sacerdote e seus filhos.
A mãe de Moisés teve uma década para educá-lo. É um tempo bem razoável, se considerarmos que até os 14 anos uma criança completa seu caráter. Mas Ana teve em torno de três anos. Como foi que ela fez, para que Samuel se tornasse um grande profeta nesse ambiente em que foi inserido? “Desde o primeiro despontar da inteligência do filho ela lhe ensinara a amar e reverenciar a Deus, e a considerar-se como sendo do Senhor. Por meio de todas as coisas conhecidas que o cercavam, procurou ela elevar seus pensamentos ao Criador. Depois de separada de seu filho, a solicitude da fiel mãe não cessou. Cada dia ele era objeto de suas orações. Cada ano ela lhe fazia, com as próprias mãos, uma túnica para o serviço; e, subindo com o esposo para adorar em Siló, dava ao menino esta lembrança de seu amor. Cada fibra da pequena veste era tecida com uma oração para que ele fosse puro, nobre e verdadeiro. Não pedia para o filho grandezas mundanas, mas rogava fervorosamente que ele pudesse alcançar aquela grandeza a que o Céu dá valor – que honrasse a Deus e abençoasse a seus semelhantes” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 572).
Alguns homens nesse mundo tiveram uma educação especial, superior, que poderia ter sido dada a muitos mais. “Tal foi a educação recebida por Moisés na humilde cabana que era o seu lar em Gósen; por Samuel, ministrada pela fiel Ana; por Davi, na sua morada nas colinas de Belém; por Daniel, antes que as cenas do cativeiro o separassem do lar de seus pais. Tal foi também o princípio da vida de Cristo, em Nazaré; tal o ensino pelo qual o menino Timóteo, dos lábios de sua "avó Lóide" (II Tim. 1:5), e sua "mãe Eunice" (II Tim. 3:15), aprendeu as verdades das Santas Escrituras” (Patriarcas e Profetas, 592). Tais mães produziram filhos dos quais o mundo nem mesmo era digno. E Ana está entre elas. Pois é, onde estão as estátuas nas praças por essas mães? Esse mundo não mereceu nem seus filhos, nem tais mães.
Ela aproveitou, digamos, cada segundo da vida do menino, enquanto esteve com ela, para transmitir os princípios de vida que norteariam seus pensamentos por todos os anos dele. E depois de o entregar ao templo, ela orava por ele todos os dias. E todos os anos, ela fazia uma declaração de amor pelo seu filho, trazendo um presente, não comprado no mercado, mas feito por suas mãos. Quantas lágrimas será que não eram derramadas sobre cada uma dessas túnicas? Com que saudades ela tecia a roupa? Quantas orações acompanhavam o dia-a-dia de Samuel. Que mãe era Ana! Essa história comprova que, por trás dos grandes homens, existem grandes mães. Esse foi um caso assim.
Os filhos de Eli se corromperam por dinheiro, o mal do nosso século. Sobre isso, creio que nos basta a leitura do que escreveu Ellen G. White: “É esse crescente empenho em ganhar dinheiro, o egoísmo que o desejo de ganhar produz, que mata a espiritualidade da igreja e dela remove o favor de Deus. Sempre que a cabeça e as mãos estão constantemente ocupadas em planejar e trabalhar arduamente para o acúmulo de riquezas, os reclamos de Deus e da humanidade são esquecidos. Se Deus nos tem abençoado com prosperidade, não é para que nosso tempo e atenção sejam desviados dEle e dedicados àquilo que Ele nos emprestou” (Conselhos sobre mordomia, 20).

  1. Aplicação do estudo Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
A mãe, no lar, está em lugar do ESPÍRITO SANTO no governo celeste. Ela orienta o filho, ou filhos, que estão em lugar de JESUS CRISTO no grande governo. O pai, que está em lugar de DEUS Pai, é quem dirige o lar.
A mãe tem o papel principal na formação do caráter e da sabedoria, orientação e direção de vida, ensinamento, influência de vida, e preparação de um novo ser vitorioso. Isso desde a concepção, até o final da vida da mãe, ou do filho ou filha, se isso ocorrer primeiro. Por isso está escrito “honra teu pai e tua mãe”, pois eles tem um dever a cumprir, delegado por DEUS.
Os filhos não pertencem aos pais, mas a DEUS. Foi Ele quem criou a capacidade de concepção. Ele quem inventou o lar. É dEle que vem o amor, para unir a família. Tudo isso vem de DEUS. Se tão somente cuidarmosdos filhos como pertencendo a DEUS, eles sempre serão também nossos, e sempre teremos uma família unida.
Ana, nos poucos anos em que teve Samuel em seus braços, fez o que muitos hoje não fazem durante décadas. Ela foi em tal extremo dedicada a seu filho que o preparou para a vida eterna, não só para esta vida. Ela formou em Samuel um caráter tão definido, bem cedo, que, quando se separou dele fisicamente, jamais ouve, no entanto, separação de princípios. O que ela cria, e que ensinou ao menino, jamais se apagou. Esse caso é um exemplo de como pode ser conosco. Uma mãe ligada a DEUS pode formar cidadãos para serem uma bênção a esse mundo, e uma vitória para a eternidade.

escrito entre:  31/08 a 07/09/2010 
revisado em  08/09/2010
corrigido por Jair Bezerra



Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos. Entende que há servos sinceros e fiéis de DEUS em todas as igrejas que no final dos tempos se reunirão em um só povo e serão salvos por JESUS em Sua segunda vinda a este mundo.


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