sexta-feira, 3 de junho de 2011

Comentário da Lição - Prof. Sikberto Renaldo Marks - Lição 10 - 2º Trim. 2011

Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Segundo Trimestre de 2011
Tema geral do trimestre: Vestes da Graça
Estudo nº 10 – As Roupas Novas do Pródigo
Semana de   28 de maio a 04 de junho
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (Ijuí - RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
www.cristovoltara.com.br - marks@unijui.edu.br - Fone/fax: (55) 3332.4868
Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil


Verso para memorizar: “Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15:32).

Introdução de sábado à tarde
Hoje temos muitos filhos pródigos. O mundo está produzindo, por meio de atrativos que no início se parecem interessantes mas que no fim dão em desgraça, muitos jovens sem lar e sem futuro. O filho pródigo de hoje poderia ser um moço, ou uma moça, que caiu nas drogas e não consegue mais se libertar. Vive de pequenos furtos para manter o vício. Morador de rua, sem ter onde ir, sujeito ao sol e à chuva, a ser maltratado, sofrendo o desprezo da sociedade, que quase não se importa com sua condição.
É bem frequente um pai ou uma mãe acorrentar um filho para segurá-lo longe dos vícios. Já soube de casos em que o filho pediu para ser acorrentado. Que situação! Já vi uma cena de um pai visitando seu filho quando preso. Os dois se encontraram, um dentro da cela, o outro do lado de fora, e desandaram a chorar. Os pais querem seus filhos em casa, sob sua proteção, para com eles terem momentos de alegria.
É bem pouco frequente isso acontecer, mas acontece, de um filho resolver voltar para casa, e pedir ajuda dos pais. Quando já não há mais esperança do retorno, e quando isso acontece, como os pais se alegram! É motivo de emoções, de alegria, um filho nessas condições retornar. Só quem passou por uma situação assim sabe o que sentiu.
Quanta falta faz um lar! Um lugar onde uma família cultiva a felicidade. E como os lares estão sofrendo degeneração! A vida moderna, os costumes atuais, a falta de preparo para a vida leva as pessoas a separações, e a vida já não é mais autêntica felicidade. São filhos saindo de casa por conflitos, são pais se separando. E o mundo está pronto para receber, principalmente jovens, e torná-los escravos de vícios, festas mundanas e vida libertina. Esse é o presente século. Como devem ser felizes os pais cujos filhos se mantêm em casa, e que buscam casamento conforme os ensinamentos bíblicos. Por isso nós somos felizes. Temos uma filha casada com um rapaz digno do nome de cristão. E como são felizes aqueles pais, cujos filhos se afastaram do lar, que se tenham atirado no mundo, mas que voltaram. Aliás, como são raras essas experiências! E como DEUS Se sente feliz, quando alguém resolve ir até Ele e entregar-se de todo o coração, para ser salvo para a vida eterna.


  1. Primeiro dia: Os mesmos pais, o mesmo alimento
É impressionante como dois filhos de mesmo pai e mãe podem ser tão diferentes como o filho pródigo, o mais novo, e o filho trabalhador, o mais velho. Essa situação é bem frequente. Na Bíblia encontramos vários casos extremos, como o de Caim e Abel e os irmãos gêmeos Jacó e Esaú.
O que pode ter influenciado Jacó e Esaú a serem tão diferentes? Eram filhos dos mesmos pais, e até eram gêmeos. Mas um era bem peludo, o outro liso; um se tornou caçador, o outro caseiro; um gostava das coisas do mundo, o outro era dedicado às coisas de DEUS, embora também fosse um enganador, o que o outro não foi. Os dois puderam também falar com o avô Abraão, que faleceu aos 175 anos, tendo eles 15 anos. Mesmo com toda essa influência, a diferença entre os dois foi como entre a noite e o dia.
Mas há outra situação ainda mais intrigante. É o caso de Lúcifer, e os outros anjos. Eles não eram filhos de pai e mãe, eles todos foram criados por DEUS. E no entanto, Lúcifer dirigiu uma revolta contra DEUS e contou com a adesão de um terço dos anjos. Outro grupo, de dois terços, manteve-se fiel a DEUS. Como pode ocorrer tanta diferença entre seres de uma mesma origem?
Uma explicação é o livre-arbítrio. Outra pode ser a carga genética herdada que difere de um filho a outro. Mesmo tendo os mesmos pais, mesmo sendo gêmeos, mesmo sendo criados por DEUS, todo ser racional é moralmente livre para fazer escolhas. Gêmeos, por exemplo, não recebem um mesmo programa de comportamento. Podem ser fisicamente quase iguais, e no comportamento também, mas são diferentes, e tomam decisões diferentes. Seguem caminhos de vida diferentes. Isso mostra que todos os seres são criados ou nascem com a capacidade de serem livres quanto ao que decidem.
O filho mais novo do fazendeiro rico, de alguma forma desenvolveu o desejo de se divertir sem trabalhar. Ele não percebia a necessidade de fazer alguma coisa pelo sustento. É bem comum isso hoje em dia. O que esse moço queria era prazer o tempo todo. Por certo, na casa dos pais isso não seria tão fácil, pois o pai orientava para ser mais sensato, sofria com isso. A mãe certamente fazia o mesmo, e o irmão mais velho, que ajudava os pais, não gostava da atitude libertina do irmão mais moço. Então ele teve uma idéia: pedir antecipadamente a sua parte na herança, e se livrar daquelas restrições.
Mas que idéia! Como pode um filho desejar desfrutar da herança estando os pais ainda vivos? Esse moço realmente perdeu a cabeça. Pode-se deduzir que ele não se importava com os pais, nem com o irmão; focava só em si e nos seus interesses. Só lhe interessava fazer festa com os amigos. Ele vivia fora da realidade da vida, e não imaginava a que futuro sua atitude insensata o levaria. Ele imaginava: vou pegar o dinheiro do velho, que é muito, e posso viver até o final da vida só festejando. Ou talvez a sua cabecinha insensata nem chegasse a tanto; só via festa em seu dia a dia. Ele não sabia fazer cálculo, de quanto tempo viveria com essa riqueza.
Pelo visto, o dinheiro não durou por muito tempo. Em festas se pode gastar muito, ainda mais se aparecem amigos sedentos por gastos e um bobo orgulhoso disposto a pagar a conta. Ele deve ter arrumado muitos amigos aproveitadores.
O dinheiro terminou. Ele foi procurar emprego. Mas era tempo de crise, e não havia emprego, exceto um criador de porcos, que lhe permitiu cuidar da criação. Da casa do pai fazendeiro, com muitos tipos de animais, para um campo ou chiqueiro de porcos, e ainda, sem remuneração, comendo do que davam aos animais. Que queda livre!
Decidiu voltar para a casa do pai. Pela primeira vez na vida raciocinou de modo coerente e inteligente. Voltaria para junto do pai e lhe pediria um emprego qualquer, pois nessa situação certamente teria ao menos alimento, como os outros trabalhadores, ou jornaleiros (os que trabalham por jornada, não são fixos). Direitos de filho ele agora sabia que não tinha mais, pois já havia recebido a herança, e havia gasto tudo. Que mais poderia ele requisitar como filho? Nada! Mas poderia se apresentar perante o pai, arrependido, e pedir um emprego para obter o sustento. Para fazer essa proposta ao pai, diante dos conhecidos, ele precisava estar em uma situação dramática e ser muito, mas muito humilde, pois teria que demonstrar arrependimento sincero. Como empregado do pai, confrontando com sua situação atual, até que viveria muito bem. Se ao menos se tornasse como um daqueles empregados, já estaria bom; não precisaria comer alimento imundo de porcos, ou passar fome. E ainda estaria em casa.
Mas o que o pai fez? Vendo o filho, que esperava há tempos, todos os dias, correu em sua direção e o abraçou. Que impacto deve ter dado ao filho aquele abraço! Ele estava mal vestido, imundo de sujeira, fedido e magro! Outros se afastariam de alguém assim. Mas o pai o envolveu com a sua própria capa, para esconder a imagem miserável do filho, que ainda amava. E o pai nada questionou sobre o que fizera com a herança, nem mencionou o assunto, nada, nada, nada. O que o pai disse foi que providenciassem roupas limpas, e que tratassem de fazer uma grande festa. Mas essa não era daquelas festas de devassidão, e sim, uma de alegria pelo retorno de um filho que havia se perdido. O pai estava feliz; ao que parece, talvez já fosse viúvo.
Alguém sem direito algum, que, se muito, só deveria ser recebido como um empregado para ganhar sustento por meio de seu trabalho duro, foi recebido, imerecidamente, como filho. É desse modo que todos nós somos recebidos por DEUS, ao nos arrependermos.

  1. Segunda: Abrindo as asas
Recebendo a herança, o moço foi embora. Queria divertir-se bem longe dos conhecidos. Ou então, foi para um centro urbano maior com mais opções de secularismo e mundanismo. Talvez as duas opções lhe influenciassem para sair de casa. Uma coisa é evidente: na fazenda a vida não lhe interessava, não havia ali as coisas que ele desejava. E por certo, ali havia o que não lhe agradava: trabalho duro. Agora possuía dinheiro; portanto, isso lhe deixou famoso, e logo atraiu muitos amigos com quem se ajuntou para farrear. Nos dias de hoje, talvez fosse para ir às baladas. Há pouco minha esposa e eu passávamos por uma rua onde a juventude passa a noite se divertindo, tomando bebidas com álcool, fumando e ouvindo som em alto volume. Paramos para falar com um homem que junta latinhas de cerveja para vender. Ele estava amassando uma por uma. Havia um monte bem grande, que dava para encher vários sacos. Ele disse que ali perto, em sua casinha, tinha muito mais, pois já as guardara. E eram só dessa noite.
É isso que muitos jovens querem. Mas também há aqueles que são fieis a bons princípios. Sempre há remanescentes, e devemos incentivá-los, reconhecendo o verdadeiro sacrifício que fazem, nadando contra a correnteza desse mundo. Esses DEUS busca para levá-los para a vida eterna. Antes disso, Ele os utiliza para influenciar outras pessoas para o bem, seja por seu testemunho, seja como instrumentos evangelísticos em ação.
O que aconteceu com o filho pródigo após terminado o dinheiro? Por acaso também apareceu uma crise naquela região, e houve fome. Não havia emprego. Agora ele precisava trabalhar, embora não quisesse fazer isso. Mas era trabalhar, ou morrer de fome. Voltar para casa, isso ele não queria. Seu orgulho não permitia. Então procurou alguma coisa para fazer, e ganhar a vida. Fez essa busca só depois de correr atrás daqueles amigos, mas sem êxito. Eles desapareceram, e não queriam mais nada com ele. Enquanto pagava as contas, eram todos amigos, mas agora ele não valia mais nada. O mundo é assim mesmo, muito traiçoeiro, e descobre-se a sua maldade quando se está no fundo do poço.
O último recurso antes da queda do orgulho foi trabalhar numa criação de porcos. Quem sabe logo a situação se mudasse, e ele conseguisse algo melhor. Mas não foi assim. A situação só piorava, e a tendência era trágica. Ele estava emagrecendo, sentindo-se humilhado, faminto, quem sabe sentindo dores físicas por desnutrição. Ninguém lhe dava alguma coisa, a roupa se desgastou, e o futuro era terrível. Tinha que fazer alguma coisa. Todas as alternativas se fecharam, mas uma única restava aberta: voltar para a casa do pai. Ele deve ter pensado muito nessa alternativa. O orgulho não queria que voltasse, estava envergonhado do que fez, era um fracassado. O que diria o seu pai? E o seu irmão? E o que diriam os demais empregados, ele voltando desse jeito, maltrapilho, sem nada, sujo, faminto e falido?
Ele foi aguentando mais um tempo. Mas de fato, não havia mais alternativa. Chegou ao limite do suportável. Era voltar para casa, ou morrer aos poucos. Ele decide humilhar-se. Ensaia as suas palavras, e decide voltar. Vejamos a descrição dos fatos que se seguiram:
“Viu que o sofrimento era consequência de sua própria loucura, e disse: "Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai." Luc. 15:17 e 18. Miserável como era, o pródigo achou esperança na convicção do amor do pai. Era aquele amor que o estava impelindo para o lar. Assim, a certeza do amor de Deus é que move o pecador a voltar para Ele. "A benignidade de Deus te leva ao arrependimento." Rom. 2:4. Uma cadeia dourada, a graça e compaixão do amor divino, é atada ao redor de toda pessoa em perigo. O Senhor declara: "Com amor eterno te amei; também com amorável benignidade te atraí." Jer. 31:3.
“O filho resolve confessar sua culpa. Quer ir ter com o pai e dizer-lhe: "Pai, pequei contra o Céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho." Mas, mostrando como é limitada a sua concepção do amor do pai, acrescenta: "Faze-me como um dos teus trabalhadores." Luc. 15:18 e 19.
O jovem volta-se da manada de porcos e das bolotas, e dirige o olhar para casa. Tremente de fraqueza e abatido pela fome, põe-se a caminho com diligência. Não tem uma capa para ocultar suas vestes esfarrapadas; mas sua miséria venceu o orgulho e apressa-se a suplicar a posição de trabalhador, onde outrora estava como filho.
“O jovem, alegre e despreocupado, quando abandonou a mansão paterna, pouco imaginou a dor e saudade deixadas no coração do pai. Quando dançava e folgava com os companheiros devassos, pouco meditava na sombra que caíra sobre a casa paterna. E agora, enquanto percorre o caminho de volta, com cansados e doloridos passos, não sabe que alguém aguarda a sua volta. Mas "quando ainda estava longe" o pai distingue o vulto. O amor tem bons olhos. Nem o definhamento causado pelos anos de pecados pode ocultar o filho aos olhos do pai. "E se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço" num abraço terno e amoroso. Luc. 15:20.
“O pai não permite que olhos desdenhosos vejam a miséria e as vestes esfarrapadas do filho. Toma de seus próprios ombros o manto amplo e valioso, e lança-o em volta do corpo combalido do filho, e o jovem soluça seu arrependimento, dizendo: "Pai, pequei contra o Céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho." Luc. 15:21. O pai toma-o consigo e leva-o para casa. Não lhe é dada a oportunidade de pedir a posição do trabalhador. É um filho que deve ser honrado com o melhor que a casa pode oferecer, e ser servido e respeitado pelos criados e criadas.
“O pai diz aos servos: "Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se." Luc. 15:22-24” (Parábolas de Jesus, 202 a 204).

  1. Terça: Você pode voltar para casa
Desde o início da humanidade, um curioso comportamento acompanha os lares. Muitos filhos têm um impulso por sair de casa. Referimo-nos às saídas para se livrar dos pais, não às saídas ordenadas por DEUS, para o casamento e formação de um novo lar. O primeiro filho que fez isso foi Caim, após matar Abel. Foi para longe fazer morada na terra de Node (Node significa fuga), a leste do Éden, para longe de DEUS (assim ele supunha, pois se acostumara a ouvir DEUS por perto de onde moravam seus pais). Depois dessa primeira fuga, até os nossos dias, abandonar a casa dos pais tem sido uma prática frequente.
Um filho ou filha, hoje, tem muitos motivos para fugir de casa, tais como: ser maltratado pelos próprios pais, já ter sido abandonado pelos pais, separação dos pais e problemas com padrasto ou madrasta, infelicidade no lar, e busca de uma liberdade que acha melhor fora do lar. Esta última causa sempre existiu, desde Caim.
Mas pais normais, ou seja, que amam seus filhos como DEUS também ama, só admitem a saída de casa para a formação de um novo lar. Isso, sim, é bonito e motivo de alegria a todos. Com um novo lar, haverá então dois lugares de cultivo do amor, o que aumenta a felicidade de todos.
Tal como o pai do filho pródigo, outros pais e mães em todos os lugares do mundo buscam por seus filhos que saíram de casa, que foram raptados, ou que desapareceram de alguma forma. Só no estado de São Paulo há 188 casos oficialmente registrados de pessoas procurando a família. São seres humanos que se perderam de alguma forma de seus familiares, e não têm nenhum contato com a família, não sabendo como encontrá-los, pois não têm consciência de onde estão. Parte dessas pessoas está em hospitais, doentes; e alguns deles perderam a memória, mas sentem saudades, e continuam sendo seres humanos. Em crianças e adolescentes, no mesmo estado, são 743 desaparecidos, nos registros oficiais da polícia, que estão sendo procurados. Deve haver mais aqueles que nem são procurados, como os moradores de rua, cuja família os abandonou, ou perdeu as esperanças de retorno.
No Brasil as estatísticas sobre desaparecidos não são confiáveis. Há uns tempos, em 1999 foi feita uma pesquisa e concluíram que desapareciam, por ano, em torno de 200.000 pessoas em nosso país (http://www.maesdase.org.br/layout.php?pagina=panorama ou http://www.labdnaforense.org/bd/oquee.php). Há quatro possibilidades de desaparecidos: (1) pessoas que desaparecem mas que voltam (não há informação de quantos retornam no Brasil, nos Estados Unidos a proporção é de 98%); (2) Pessoas que desaparecem e que nunca mais voltam, podendo estar mortas; (3) Pessoas que desaparecem e que nunca mais voltam, mas podendo estar vivas; (4) Familiares de desaparecidos que estão buscando seus parentes.
Estamos bastante acostumados com pessoas desaparecidas. Até parece algo normal. Muitos de nós já não sentimos mais emoções de ansiedade com alguma notícia de desaparecimento. Mas quem tem um filho ou filha desaparecida, esse sabe o quanto isso é sofrido. E se, com o passar dos anos, o desaparecimento não tiver solução, a dor só aumenta. Por isso não é de admirar que o pai do filho pródigo o esperasse por anos, e todos os dias olhasse para o caminho por onde o viu partir, para ver se retornava. O pai não sabia onde o filho estava, mas o filho sabia o caminho de volta. Ele precisava de algum impulso para retornar. O impulso que o fez tomar a iniciativa foi a fome, a miséria e a perspectiva da morte num estado de angústia e sofrimento.
Mas em nossos dias isso pode ser diferente. Nós, adventistas, somos o povo da família. É uma de nossas doutrinas. Valorizamos a família, ainda mantemos os seus princípios como um dos valores mais importantes do cristianismo. Sabemos que foi DEUS quem a instituiu. Portanto, a nós cabe educar o mundo nos valores da família, e como se pode ser feliz vivendo em família. Devemos ser exemplos vivos de famílias felizes, contrastando com o que acontece no mundo. Esse é um dos requisitos para se alcançar a vida eterna. Há um DEUS esperando que aqueles que se afastaram dEle, busquem retornar. Ele sabe onde se encontram os desaparecidos do lar celestial, e se algum deles desejar retornar, Ele não fica esperando, vai até ele, ou envia alguém, ou coloca em seu caminho alguma igreja Sua, e algo acontece, e a pessoa tem as condições de retorno propiciadas.
“Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí. Jer. 31:3.
“Os que não conhecem a Deus não podem, por sua erudição ou ciência, descobrir a Deus. Cristo não procura provar o grande mistério, mas revela um amor incomensurável. Não faz do poder e grandeza de Deus o tema principal de Seus discursos. Refere-Se a Ele mais frequentemente como nosso Pai. ... Ele deseja que nossa mente, enfraquecida pelo pecado, seja animada a apreender a ideia de que Deus é amor. Deseja inspirar-nos confiança. ...
“O pai do filho pródigo é o exemplo que Cristo escolhe para representar a Deus. Esse pai almeja ver e receber uma vez mais o filho que o deixou. Espera e vigia por ele, anelando vê-lo, esperando que volte. Quando vê aproximar-se um estranho, pobre e maltrapilho, vai-lhe ao encontro, para ver se porventura é seu filho. E alimenta-o e veste-o como se fosse de fato o filho. Mais tarde recebe a recompensa, pois volta o filho, trazendo nos lábios a suplicante confissão: "Pai, pequei contra o Céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho." E o pai ordena aos servos: "Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos." Luc. 15:21-23.
“Não há insulto, não há acusações ao pródigo, por motivo de seu mau procedimento. O filho sente que o passado lhe foi perdoado e esquecido, apagado para sempre. E assim Deus diz ao pecador: "Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem." Isa. 44:22. "... perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados." Jer. 31:34.
“O Céu aguarda e anela a volta dos pródigos que vagueiam longe do rebanho. Muitos dos que se extraviaram podem ser trazidos de volta, pelo amoroso serviço dos filhos de Deus. ...
“Pensai no Pai submetendo-Se à tristeza, e não poupando o próprio Filho, mas oferecendo-O espontaneamente por todos nós. ... Oh, que tivéssemos melhor compreensão de Seu amor! Manuscrito 76, 1903” (Nos lugares celestiais, MM 1968, p. 10).

  1. Quarta: A melhor roupa
O relato da história do filho pródigo diz que o pai o recebeu de braços abertos. Temos que analisar um ponto que pode passar desapercebido. Como foi que o filho se dirigiu ao pai? Ele pediu perdão, veio reconhecendo o seu erro. O filho veio diferente, e mostrou que estava bem diferente do que quando saiu; voltou arrependido. Ele saiu com um caráter que o pai não aprovava, ou seja, arrogante, cheio de confiança própria, só pensando em festa e folguedos. Mas quando voltou, ao experiente pai foi fácil perceber que estava mudado. O sofrimento do erro causou a mudança. Ele experimentou como é desperdiçar uma grande fortuna e cair na miséria, e ter que retornar ao ponto inicial, e sujeitar-se ao menos a ser um empregado, dos mais humildes, e ao menos ter o que comer e vestir e um teto para se abrigar, e uma esposa e filhos. Foi perceptível ao pai a autenticidade do arrependimento e a determinação de ser diferente. O filho aprendeu a lição de como viver da forma mais dramática. Por isso que o pai nem se referiu aos desperdícios, nem o repreendeu. O filho agora já estava arrependido, era o filho que o pai sempre queria. Por ser assim, o que o pai, sabiamente fez? Decidiu o que certamente já estava planejado em sua mente para tal situação: vamos festejar pelo filho que eu sempre desejei que fosse como ele voltou agora. É como se o filho estivesse fazendo algum curso muito sofrido para ter um bom caráter, e que tivesse chegado ao final desse curso, e se saído muito bem. Custou caro mas o resultado foi positivo, portanto, comemoremos. Esse filho não fez curso algum, mas sofreu ao limite da vida para aprender que devia mudar. E mudou! E o pai apoiou a mudança com festa.
Porém, e se o filho voltasse na mesma situação, pedisse mais dinheiro para voltar às festas? A Bíblia não se refere a essa possibilidade, mas podemos imaginar o que o pai faria. O que você como pai iria fazer? Por certo não o despediria de mãos vazias, mas também não daria mais dinheiro, pois não teria esse direito. Conhecendo o pouco dessa história, talvez esse pai o recebesse de volta para ser um jornaleiro mesmo. Assim, ao menos o teria por perto, e poderia, quem sabe, tentar mudar seu caráter.
Então vejamos bem essa história. Mudado como o filho mudou, o pai deu tudo a ele, que não merecia mais nada. Contudo, certamente o filho seria recebido como um empregado qualquer se retornasse do modo como havia partido porque assim ao menos teria alguma proteção, já que por falta de recursos o filho não poderia facilmente se aventurar outra vez mundo afora.
Felizmente o filho voltou arrependido. É assim que nós devemos ir em direção ao nosso DEUS. Ele nos receberá do mesmo modo como o pai de nossa história, sem nos repreender, nos aceitará de braços abertos, nos colocando na mesma condição dos outros filhos, de outros mundos, que nunca caíram.

  1. Quinta: As roupas do pai
O filho ao retornar preparou um pequeno discurso para fazer ao pai. Ele diria três coisas: (1ª) pediria perdão; (2ª) diria que não era mais digno de ser filho; (3ª) pediria para ser tratado como um empregado (ver Luc. 15:18 e 19). Mas quando se encontraram, ele só teve tempo de dizer as duas primeiras. O pai o interrompeu com um abraço fraternal, com boas vindas, e o cobriu com sua própria capa, antes que alguém o pudesse ver naquele estado deplorável. Ele não chegou a pedir para que o pai o tratasse como empregado, pois antes disso, o pai o declarou como um filho que havia morrido mas ressuscitou. Ao chegar mais perto da casa, chamou alguns empregados e ordenou que preparassem uma grande festa de recepção do retorno do filho que amava, e determinando que trouxessem roupas novas, sandálias e um anel.
O pai ficou feliz porque, durante o tempo em que o filho estava fora, ele não sabia onde havia ido, nem como ele estava, se bem ou se mal, se vivo ou se morto. O filho era um desaparecido! Mas no momento em que o avistou, e certificou ser seu filho, alegrou-se por descobrir que vivia, e estava retornando. E quando o filho demonstrou reconhecer sua atitude leviana, e pelo traje, as consequências podiam ser vistas, o pai não chegou a dar tempo do filho pedir para ser tratado como o empregado de menor importância. Declarou ser seu filho, como sempre fora.
É assim que somos tratados por DEUS, não importando o que tenhamos feito no passado. O Criador nos quer de volta, quer envolver-nos com Seu amor, e nos perdoar, dar a vida plena de felicidade, e um palácio maravilhoso para vivermos eternamente.

  1. Aplicação do estudo Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
O ser humano é incoerente, ele despreza os pecadores extremos, dito os piores. Ele também despreza os que cometem pecados diferentes dos que ele comete. Mas, na verdade, estamos todos na mesma situação, pois pela Bíblia, pecado é sempre pecado, e o salário dele é sempre o mesmo, a morte eterna. Todos carecemos da misericórdia de DEUS. Se alguns de nós cometemos pecado que causa maior dano a sociedade, como um assalto a um banco, e outros apenas roubaram um pacote de bolachas num supermercado, nós fazemos distinção, mas para DEUS, cujo reino é de perfeição, ambos morrerão, se não se arrependerem. Portanto, devemos nos aculturar ao governo de DEUS, e deixar os conceitos distorcidos desse mundo. Por eles tendemos a interpretar as coisas de DEUS de forma errada, o que pode nos levar à perdição.
DEUS nos quer de volta ao lar. Essa é a questão fundamental. Ele fez de tudo para que pudéssemos voltar. O ponto alto do que Ele fez foi enviar Seu Filho para morrer por nós, e pagar a dívida que nos compete. Mas fez mais que isso: revelou-Se por meio de profetas e por meio de JESUS CRISTO; deixou-nos a Bíblia, o manual da salvação, e nos concedeu muitas profecias, tanto para conhecermos em que tempo vivemos quanto, e principalmente, para crermos quando elas se cumprirem. E JESUS CRISTO está nesse momento, como sumo sacerdote, disposto a aceitar o nosso arrependimento e pedido de perdão, como aquele pai da história dessa semana. E já está preparando a Sua segunda vinda para nos levar para a vida eterna. Portanto, DEUS fez muito para nos salvar.
E preste atenção: não existe pecado que supere o amor de DEUS; tudo pode ser perdoado, embora haja uma exceção, o pecado contra o ESPÍRITO SANTO. Mas essa exceção é muito lógica. É pecado contra o ESPÍRITO SANTO quando não aceitamos a Sua orientação de vida e de necessidade de arrependimento e perdão. Ou seja, quando uma pessoa chega à conclusão que não necessita do perdão, então, como seria ela perdoada? Só se fosse contra a vontade dela, mas isso DEUS não faz. Portanto, toda pessoa, como o filho pródigo, que sente desejo de perdão, será perdoada, e alcançará a vida eterna, e não interessa o seu passado. Para DEUS, o interesse está no futuro da pessoa, não no que ela fez de mal. Ele pode transformar qualquer situação. Aliás, se Ele pode criar do nada, então não há limite de algo que Ele não possa fazer, mas há limite do que Ele deve fazer. Ou seja, Ele pode perdoar todos os pecados, mas só perdoará aqueles cujas pessoas não desejem ser perdoadas.

escrito entre  20 e 26/04/2011
revisado em  27/04/2011
corrigido por Jair Bezerra



Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos. Entende que há servos sinceros e fiéis de DEUS em todas as igrejas que no final dos tempos se reunirão em um só povo e serão salvos por JESUS em Sua segunda vinda a este mundo.

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