Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Primeiro Trimestre de 2011
Tema geral do trimestre: A Bíblia e as Emoções Humanas
Estudo nº 04 – Relacionamentos
Semana de 15 a 22 de janeiro
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
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Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil
Verso para memorizar: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7:12).
Introdução de sábado à tarde
Como, por esses dias, os relacionamentos estão ficando cada vez mais complicados! É crescente o número de casais que se separam. Em muitas empresas o clima entre as pes-soas tende a ser cada vez mais tenso. No trânsito, por quase nada, as pessoas brigam, e até mortes acontecem. Entre vizinhos e condôminos, parece que sempre tem que ter um en-crenqueiro. Nas escolas e universidades a tensão também aumenta. Semana passada um pro-fessor de educação física de uma universidade foi morto por um aluno. Eu mesmo já recebi ameaça de ser processado pelo mesmo motivo: notas. É cada vez maior a quantidade relativa de pessoas que culpam os outros pelos seus fracassos, ou pelo seu desleixo e falta de empenho. Por pouco motivo, e muitas vezes por motivo algum, as pessoas se enfrentam e brigam.
É nos lares que se formam os problemas da sociedade. E os lares estão sem uma o-rientação correta para haver bom relacionamento. E o relacionamento tenso, e mais ainda quando há ódio entre as pessoas íntimas, produz as condições necessárias para que haja infelicidade e vida sem prazer.
Há dois tipos de relacionamento possível, e não há outras possibilidades. Um tipo de relacionamento é típico do mundo; o outro, típico do Céu. O relacionamento típico do mundo é o das relações de poder entre as pessoas. Há uma disposição de um mandar no outro, de dar ordens, de obrigar, de querer ser mais que o outro, de levar vantagem, de do-minar. Já o relacionamento típico do Céu é exatamente o contrário. Nele as pessoas estão todas dispostas a servir uns aos outros, a obedecer, são humildes, não se interes-sam por status, e jamais passa em suas mentes a idéia de subjugar outra pessoa.
Quando as pessoas querem dominar, é bem fácil aparecerem motivos para desen-tendimentos. Só o simples fato de querer dominar já cria uma situação do tipo “eu sou mais que vocês, e têm que obedecer à minha vontade”. Esse é o contexto do ódio.
Quando as pessoas só querem servir, como JESUS exemplificou em Sua vida, então o ambiente será sempre de cordialidade, pois o fato de um querer ajudar o outro jamais pos-sibilita que alguém se revolte contra outra pessoa. Não há como surgir algum motivo de reclamação. Esse é o ambiente do amor.
O amor para vingar requer intimidade, estar juntos, um querer fazer o bem ao outro. Já o ódio provoca separação e desconfiança, e também desejo de vingança.
Se num lar as coisas não vão bem, é por falta de vontade de um servir o outro. Se não houver essa disposição, ali se desenvolverão as condições para o ódio, e os conflitos ocorrerão. Quando as pessoas colocarem em suas cabeças que não querem exercer poder, mas estar sempre prontas a servir, qualquer que seja o motivo para algum conflito não prosperará, pois o desejo de servir é o mesmo desejo de fazer o bem e desejar o bem ao outro. E ele levará a querer solucionar em conjunto o que por ventura der errado, para a ma-nutenção da normalidade do amor. Na realidade, para se ter um bom relacionamento é bem simples: é só querer servir, como JESUS. E assim também, para se ter conflitos é simples: basta querer dominar.
1. Primeiro dia: Completamente humilde e manso
O estudo de hoje mergulha direto no ambiente celeste. Temos no Universo dois ambientes opostos: o celeste, em todo lugar da criação universal, menos aqui nessa Terra; e temos o nosso ambiente dominado pelo pecado.
O ambiente celeste é de paz, justiça, vida eterna e felicidade. Lá não se cogita de coisas como quem é superior, quem é mais bonito, quem tem mais, quem pode mais, etc. Lá não existem dissensões, brigas ou qualquer tipo de polêmica. Lá todos se amam.
Mas qual o segredo de nesse lugar celestial ser radicalmente diferente do ambiente terrestre? Lá eles estão sempre dispostos a servir. A ênfase nesse lugar não é no “eu”, mas no próximo. Com essa ênfase não há por lá o menor interesse, por mínimo que seja, em valorizar o que quer que seja em relação ao “eu”, mas toda energia e capacidade é sempre direcionada para o outro. Lá, para ser o maior tem que ter o melhor preparo para servir. Assim, DEUS é de fato o maior pois a Sua capacidade de servir é infinita. Os anjos são muito poderosos, mas não para si mesmos, sempre para servir aos outros. Todos nesses lugares celestiais existem para promover o bem estar e a felicidade dos outros. Logo, se por exemplo, existissem cem trilhões de seres no Universo, um único ser tem à sua disposição esse número de voluntários menos ele mesmo. É assim que funciona o Céu. É o que JESUS veio nos ensinar quando viveu por aqui na Terra.
Mas nós pouco entendemos disso. Mesmo os cristãos, mesmo dentre o povo de DEUS, bem poucos são os que realmente buscam a humildade, que renunciam o “eu”. A maioria de nós vai pelo caminho da perdição, ou seja, faz o que o mundo sugere para algum tipo de promoção do “eu” (essa frase menos de 0,1% irá entender).
E como é o ambiente aqui na Terra? Bem, nem precisa expor, pois, tanto é conhecido de todos quanto é exatamente o contrário do ambiente celeste.
Aqui, vale o “eu”. A mídia enfatiza muito esse “eu”; até se tornou um grande negó-cio para se ganhar dinheiro. A valorização do “eu” vai desde meros ornamentos, dentre os quais as pinturas são as mais comuns, até vestuário, automóveis, status social, títulos que são ostensivamente expostos, currículos que são enfaticamente divulgados, e assim por diante. E segue por outros caminhos a luta pelo poder, por dominar, por subjugar, por explorar, por minimizar o outro (como nas torcidas esportivas, aparentemente inocentes) e teríamos muito mais a acrescentar.
O resultado desse nosso ambiente é o mal estar geral, desde aqueles que já tem até demais, mas querem mais ainda, (no entanto se sentem vazios no espírito, não tem privaci-dade e se sentem inseguros por causa dos maus elementos), até os outros, que estão por bai-xo, e não conseguem nem ao menos uma vida minimamente digna. Vamos resumir: aqui nesse planeta não há um só ser humano que saiba o que é realmente ser feliz. Isso só saberão aqueles que alcançarem a vida eterna. E para esse fim, precisam aprender a serem com-pletamente humildes e mansos; e acrescentamos: pessoas simples.
2. Segunda: Pagando o mal com o bem
Este é outro ponto no qual em nosso mundo de pecado a lógica é invertida em rela-ção ao Reino de DEUS. Aqui o normal, até incentivado, é a vingança ante uma ofensa. No Céu é o contrário: lá é a humilhação ante uma ofensa.
No entanto, curioso é que no Céu ninguém tem que se humilhar! Veja só que inte-ressante. Aqui em nosso mundo invertido, se uma pessoa faz algo de errado, mesmo que involuntariamente, o prejudicado sente na hora um impulso de desforra. Por exemplo, se um motorista recebe uma fechada por parte de outro motorista, no mínimo o que fechou vai receber uma buzinada bem esticada, demonstrando indignação. E pode acontecer de receber outra fechada e um deles partir para a briga física. Sabemos de mortes por coisas assim.
E lá no Céu, se nalgum voo algum anjo receber uma fechada de outro anjo? Ou outra provocação qualquer, mesmo involuntária, o que acontece?
Vamos analisar essa hipótese. No Céu é um lugar perfeito, lá ninguém comete erro, nem dos menores. Portanto, a possibilidade de alguma provocação involuntária está por lá descartada. E as provocações voluntárias, que ocorrem quando deliberadamente um ser inteligente atinge outro ser? Essas muito menos ocorrem no Céu, pois, lá todos se percebem como existindo para servir, não para dominar ou prejudicar. Lá todos se amam.
E por qual razão lá todos são assim, perfeitos? Por um motivo muito simples: lá eles obedecem a lei do amor, que foca todos os interesses no próximo, não no “eu”. O amor desenvolve um sentimento de empatia pelos outros. Ele faz com que pessoas se apeguem aos outros sempre desejando o bem a eles.
Agora, pense um pouco. No Céu onde todos estão sempre dispostos a servir, onde os seres estão continuamente propensos a perdoar, a se humilhar, lá eles nunca fazem isso. Lá eles nunca perdoam e nunca se humilham. Por que se pode afirmar isso? Sim porque lá, como se amam, e porque querem servir, se viabiliza a perfeição do amor, portanto, lá não ocorrem falhas nem provocações voluntárias.
E aqui na terra, como funcionam as relações? Aqui se desenvolveu, a partir da en-trada do pecado, o senso de explorar o outro e de torná-lo servo. Aqui as pessoas, ao natural, buscam de todos os modos serem superiores às demais. Então elas expulsam de dentro de seu ser o princípio da Lei de DEUS, o amor. Elas não conseguem amar, ou seja, servir. Elas precisam dominar. E isso ocorre também em nossa igreja. Estamos em um pro-cesso de santificação, mas nem todos têm o desejo de ser transformado, pois a inclinação pelas atrações do pecado é potente, e escraviza.
Agora vamos refletir. Para se chegar ao lugar onde todos estão dispostos a se humilhar e a perdoar, mas onde isso não é necessário, é preciso que se pratique a hu-milhação e o perdão. O que são essas coisas? Humilhar-se significa, por exemplo, se formos provocados, ir a quem nos provocou e restabelecer o bom relacionamento. Mas não é ele quem criou o problema, que deve tomar a iniciativa para repor as coisas no lugar certo? Até pode ser, mas, reflita, para quem é mais fácil tomar essa iniciativa, o ofendido ou quem ofendeu? Ora, quem ofendeu, por si, já está em situação menos favorável a mu-dar de atitude, e tomar a iniciativa de buscar a reconciliação. Isso sempre é mais fácil ao ofendido. Por isso a sabedoria divina propõe que quem foi ofendido, que esse tome tal iniciativa, não querendo com isso dizer que o que provocou o problema não possa fazê-lo. Isso é humilhar-se, ou seja, deixar de lado algum orgulho ou senso de direito que tem, e ir ao encontro de quem lhe prejudicou para fazer as pazes.
E o que é o perdão? É declarar ao outro que nada deve daquilo que fez, que es-tá tudo solucionado. Se todos agissem assim, a realidade aqui nessa Terra seria como no Céu: ninguém ofenderia e ninguém teria que se humilhar.
Agora, para finalizar: quem mais se humilhou senão JESUS, para vir e Se reconciliar conosco? E quem ofendeu? Fomos nós, a começar pelos nossos primeiros pais. E, por ventura, era de se esperar que algum ser humano tomasse a iniciativa de busca de re-conciliação com DEUS? Se JESUS não viesse aqui a esta Terra para humildemente se re-conciliar conosco, da nossa parte ninguém se disporia a fazer o caminho inverso, e estaría-mos todos perdidos, para sempre.
A sabedoria do alto é superior.
3. Terça: Perdão
Em primeiro lugar, vamos meditar sobre o que é o perdão. É uma firme decisão pessoal de interromper definitivamente qualquer ressentimento contra outra pessoa por alguma ofensa que veio dessa pessoa. Com o perdão cessa a exigência de castigo, restituição ou algum mau sentimento. Quem perdoa esquece totalmente a ofensa, é algo sincero e definitivo. O perdão não impõe condições para ser oferecido, não humilha para perdoar. É na atitude que se reconhece o perdão verdadeiro, não tanto nas palavras. Portan-to, perdoar é bem difícil, a rigor, só DEUS tem a capacidade de perdoar 100% a um peca-dor. A grande maioria dos perdões entre seres humanos são na verdade apenas intenções passageiras. Quem perdoa esquece daquela ofensa para sempre. Quem perdoa não quer mais lembrar outra vez do que lhe foi feito. O perdoado pode saber ou não desse ato. Nem sempre há condições dele tomar conhecimento, pois pode estar em lugar desconhecido, ou mesmo já ter morrido. No entanto, sempre que possível, é importante ele ficar sabendo, pois faz bem. Com o perdão a reconciliação é altamente favorecida. Um belo exemplo de perdão está na parábola do filho pródigo (Luc. 15:11-32) e nas palavras de JESUS na cruz: “Pai perdoa-lhes por que não sabem o que fazem” (Luc. 23:34).
Uma coisa é o perdão; outra, bem diferente, são as consequências dos erros (ou pe-cados). Por exemplo, se alguém denegriu o nome de uma pessoa na internet, o prejudicado pode perdoar, mas o mau conteúdo da rede de computadores jamais será excluído, pois cer-tamente foi para as memórias de muitos computadores particulares. Esse é só um exemplo de como se pode prejudicar uma pessoa para sempre.
Outra questão, relacionada ao perdão, é a reposição. Se uma pessoa não pagou uma dívida, e ao o credor ir em seu direito cobrar a tal dívida, e nisso for ofendido, mais tarde esse credor perdoar a ofensa, pode no entanto continuar cobrando a dívida. Se desejar per-doar as duas coisas, até pode, mas, sob risco de estar favorecendo um costume da primeira pessoa de se tornar um mau pagador, ou uma pessoa relapsa que não planeja bem os seus gastos.
Vamos fazer aqui uma classificação simples de ofensas, sabendo que todas as ofen-sas levam à morte. Elas podem ser esporádicas e rotineiras. As ofensas esporádicas podem ser voluntárias e involuntárias. As ofensas esporádicas involuntárias são muito comuns: acontecem quando sem querer ofendemos uma pessoa. Por exemplo, num sermão um orador pode ofender algum ouvinte por alguma palavra que disse.
Essas ofensas esporádicas involuntárias ainda podem ser aparentes ou reais. Serão aparentes quando o ofendido entendeu mal alguma coisa que dissemos ou fizemos, e será real, se de fato, o que fizemos ou dissemos atingiu outra pessoa.
A ofensa voluntária é mais complicada. Houve a intenção de fazer mal. Essa pode ser esporádica ou rotineira. Será esporádica se a pessoa ofender outra raramente; mas será rotineira se for com frequência. Essa última situação pode acontecer no lar, no local de tra-balho ou entre amigos; ou seja, sempre ocorre entre conhecidos ou amigos, pessoas de fre-quente relacionamento. Tais tipos de ofensas corroem a amizade e prejudicam o relaciona-mento. Com o tempo se transformam em intolerância por parte do ofendido. Criam um cli-ma tenso que destrói a felicidade bem como a esperança de dias melhores. É o tipo de ofen-sa que mais carece de perdão e de reconciliação, bem como talvez de ajuda para que quem ofende assim, mude de atitude.
Temos uma outra categoria de ofensa, a que causa algum prejuízo. Esse prejuízo pode ser na reputação da pessoa, em sua saúde, em seu bem-estar, em seus bens, em seu desempenho profissional, em sua espiritualidade. A lista aqui é bem longa. Nesse caso tam-bém pode e deve haver perdão, e quem ofendeu, deveria empenhar-se em consertar o estra-go, o que nem sempre é possível. Por vezes pode compensar no todo, outras vezes apenas em parte, e por vezes pode não mais conseguir restituir nada, como é o caso se a ofensa resultar em alguma morte.
Bem poderíamos quem sabe criar outras categorias de ofensas, mas todas elas têm um nome em comum: são pecados, e se não houver o desejo de perdão e de mudança, quem faz isso certamente perderá a vida eterna. Mas sempre que se saiba que alguém ofendeu uma outra pessoa, não importa em qual categoria de ofensa se enquadre, é imprescin-dível a busca da reconciliação, pois isso faz parte do estilo de vida das pessoas que querem ser salvas para a vida eterna. O perdão é uma sábia solução para as ofensas, aliás a única solução. E quem pede perdão facilmente deixa de cometer aquele erro em que se humilhou para ser perdoado.
O perdão é o pressuposto para a reconciliação; sem perdão não há como ter reconci-liação. E sem reconciliação a vida só deteriora, até que ocorra alguma separação ou mesmo tragédia. Com o perdão se pode reverter uma tendência que ia piorando, mas isso só será real se o perdoado sentir o desejo do perdão, ou seja, sentir vontade de mudar de atitude. Se uma pessoa perdoou, mas a outra não teve o desejo de mudar de vida, quem perdoou estará salvo, mas a outra estará perdida. Aqui se está tratando da condição para escapar da morte e alcançar a vida eterna. Sem o perdão ninguém se salva. Refiro-me ao perdão de DEUS. Mas, se aqui na Terra uma pessoa for perdoada por DEUS, no entanto, ela não receber o perdão de quem ela ofendeu, essa outra pessoa, a ofendida, se perderá, e aquela se salvará.
A reconciliação é de tal importância que JESUS ensinando a respeito, disse que, se um adorador estiver perante o altar, pronto para oferecer a sua oferta pelos seus pecados, e naquele instante se lembrar que uma outra pessoa tem algo contra ela, deve deixar a oferta por ali e ir propor a outra pessoa a reconciliação. E veja bem, era a outra pessoa que estava errada, não ela, a que iria fazer sua oferta. Mesmo assim, deve agir em busca da reconcilia-ção. Aqui está a sabedoria divina, pois é bem mais fácil o ofendido ir em direção de quem ofendeu para propor a reconciliação que o inverso. Mas isso não quer dizer que a outra parte, que ofendeu, não deva tomar a iniciativa.
O perdão é uma ciência divina, não é coisa desse mundo. Para poder perdoar ou a-ceitar perdão, devemos aprender sobre o amor de DEUS. Sem esse conhecimento não há como perdoar de verdade; sem conhecer o amor, o perdão será de pouca duração, ou seja, perdoa, mas não esquece. E isso não é perdão, é apenas uma situação de conveniente resta-belecimento da paz até que outra ofensa ocorra, e o sentimento ruim da ofensa anterior bro-ta de novo, e o problema aumenta ainda mais. O perdão é divino e nós temos que aprender essa ciência pela qual se pode resolver qualquer problema.
4. Quarta: Confessai... os vossos pecados uns aos outros
“Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes cu-rados, muito pode a oração do justo” (Tiago 5:16).
O que é confessar? É declarar ao outro que foi afetado: “eu errei contra você”. As-sumo a responsabilidade de meu pecado e quero repor o prejuízo no que for possível e peço humildemente que me perdoe pelo que fiz. Quero ser seu melhor amigo.
É claro, não precisa dizer isso tudo, mas confessar um pecado, que é o mesmo que pedir perdão, envolve isso tudo. Se não envolver isso tudo, foi apenas um enfeite que dura por pouco tempo. Um pedido de perdão está sempre associado à confissão, e envolve a re-posição do mal causado. Mas essa reposição nem sempre é possível por inteiro. Às vezes nem mesmo se consegue repor parcialmente. Por exemplo, se pela minha má conduta pro-voquei a morte, nem por um minuto consigo fazer com que essa pessoa reviva. Ou, se postei na internet fotos vergonhosas de alguém, depois posso tirar essas fotos do site onde foram colocadas, mas outras pessoas já as terão copiadas, e essas jamais serão tiradas. Assim também uma fofoca feita contra alguém, depois que se espalhou jamais se fará desaparecer. E se causei um prejuízo grande a alguém, que me leva a uma dívida impagável, só me liber-tarei da dívida se a outra parte a perdoar por inteiro. Esse é um tipo de perdão complicado, pois ele pode gerar o senso de impunidade. Às vezes precisa doer para alguém aprender a não prejudicar outras pessoas. Outro caso, por exemplo, é o do estuprador e do pedófi-lo. Uma pessoa assim pode ser perdoada pela vítima e por seus familiares e até por DEUS, se ele se arrepender. Mas os efeitos do ato jamais serão apagados, senão no dia da trans-formação. E essa pessoa, para o seu bem e para a segurança da sociedade, deve ficar presa, quem sabe, pelo resto de sua vida, pois nem o perdão e nem o arrependimento significam transformação completa. O seu ponto fraco pode retornar se for libertada da prisão; portan-to, é melhor que se salve para a vida eterna na prisão do que se perca livre, voltando a pra-ticar o delito.
Arrependimento, confissão e perdão, dependendo do que foi feito de maldade, não são coisas assim tão simples. É um conjunto de decisões muito complexo e doloroso. Para que o perdão tivesse valor legal, JESUS veio sofrer e morrer na cruz. O perdão tem um preço enorme: a vida de JESUS CRISTO. Refiro-me ao perdão de DEUS.
Por outro lado, nem sempre devemos confessar nossos pecados a outra pessoa, mas sempre a DEUS. Se fizemos algo que ninguém descobriu, e que não tenha causado prejuízo a outra pessoa, que ninguém saiba disso e que o confessemos a DEUS somente. Pecados secretos devem ficar só entre o pecador e DEUS. Mas, se uma ou duas pessoas ficaram sa-bendo, confessemos a elas somente, além de também a DEUS. Se poucas pessoas souberam do que fizemos, só a essas poucas pessoas devemos confessar, ou ao menos nos explicar se elas não foram ofendidas, mas souberam. Ou seja, quem nada tem a ver com nosso ato ile-gal, não deve também ficar sabendo dele. Em outras palavras, não espalhe o mal, pois se você deseja uma reforma, uma mudança de vida, se deseja de agora em diante viver em obediência a DEUS, que contribuição trará dando a outros, que nem sabiam, a informação de seus maus atos que passou a detestar? Em nada, pelo contrário, essa informação só irá denegrir e dificultar a construção de sua nova reputação.
Por exemplo, se você traiu o seu cônjuge, e ele não sabe, e isso é conhecido só por você e a outra pessoa, acerte-se com essa outra pessoa, pois ela foi prejudicada, e nada diga a seu cônjuge. Confesse a DEUS, que sabe de tudo, e mude de vida. Mas se seu cônjuge souber, confesse também a ele, pedindo o perdão, e trate de mudar de atitude. E seu os fi-lhos também souberem, confesse a eles. Quanto maior o círculo de pessoas a saber mais complica, podendo chegar a uma abrangência tal que perdeu o controle. Nesse caso, con-fesse às pessoas prejudicadas e a DEUS, e vá em frente, aguentando as repercussões nega-tivas. Com o tempo, todos verão a mudança de atitude, e vai restabelecer, aos poucos, a sua credibilidade. Mas uma sequela de mancha da reputação e do caráter permanecerá até o dia da transformação.
O arrependimento, a confissão e o perdão são elementos necessários para o res-tabelecimento de um bom relacionamento, que se chama reconciliação. Para me recon-ciliar com quem prejudiquei, é evidente que devo confessar, isto é, dizer que errei, assumir esse erro, e declarar que não quero mais agir assim. Se não proceder desse modo, como a outra pessoa terá mínimas evidências de que estou com vontade de não prejudicá-la mais para reatar amizade comigo? Mas se confessar, essa outra pessoa até pode me ajudar a vencer esse ponto fraco, pode se tornar numa aliada, e a amizade poderá ser de algum compromisso mútuo de luta pela vitória. Isso sim é cristianismo.
Por outro lado, como o verso acima citado diz, devemos orar para sermos curados, e que muito pode a oração de um justo. O que isso quer dizer? Que nada adianta orar se esti-vermos em dívida com nosso irmão. Um pecador contumaz, que não se arrepende do que já sabe estar errado em sua vida, se orar pela saúde de alguém não será atendido, ou melhor, ele não pode ser atendido. Se fosse atendido, DEUS estaria avalizando e até premiando o pecado. O poder da oração, assim o verso deixa bem claro, vem da oração de um justo, ou seja, de um pecador que se tenha arrependido. Mas se aquela pessoa orar e pedir sincera-mente a DEUS que a ajude a vencer o seu pecado, esse pedido sim, lhe será atendido.
5. Quinta: Edificando uns aos outros
É importante que tenhamos mais consciência do que significa sermos “seres so-ciais”. Somos dependentes uns dos outros e cada um de nós depende de DEUS. Portan-to, isso quer dizer que devemos nos relacionar uns com os outros, e não prejudicar.
Seres sociais interagem. A troca de idéias, de favores, de conhecimento, de recur-sos é típica de seres sociais. É isso que a expressão quer dizer. Como necessitamos uns dos outros, temos que trocar experiências, pois o que um não sabe, outros sabem, e nos podemos ajudar e completar mutuamente. O relacionamento faz bem a todos, seja a quem presta o auxílio, seja a quem o recebe. E a interação é para o nosso bem.
Tente imaginar como seria o mundo se todos os seres humanos fossem independen-tes, e não houvesse necessidade de relacionamento, nem de constituição de família, e nem de outras organizações como empresas e sociedades. Numa condição assim não haveria relacionamento, nem felicidade.
A felicidade tem uma condição sem a qual ela não pode existir. Se eu quero ser feliz, preciso promover a felicidade no outro. Essa é a condição básica da felicidade. E quanto mais cada um de nós promover a felicidade no outro, mais feliz será, pois, au-tomaticamente, o outro fará o mesmo. E quanto maior o círculo de pessoas para pro-mover felicidade, maior ainda será a sua felicidade. Pois, como JESUS disse: servir, não ser servido; é a aplicação prática dessa condição. Ou, como diz a lição em seu título: “edifi-cando uns aos outros”.
No contexto de pecado, onde foi introduzido o conceito de competição, que se acentua cada vez mais, que vai desde as competições nas escolas até nas empresas e nos esportes, muito mal enfatizamos na troca de informações e conhecimentos, e quase nada se faz em termos de admoestações. E a admoestação é imprescindível numa relação social. Ou seja, sendo todos nós pecadores, é certo que cometeremos erros, e um pecador tem menos capacidade de perceber seus erros que os outros. Mas o que geralmente se faz? Comenta-se com outros tais erros, e nada se fala ao que comete o erro. Trocar alguma ideia com outra pessoa sobre o erro de um terceiro, a fim de se prevenir ou de se preparar para ajudar essa pessoa, isso é bom, mas só comentar e nada fazer, aí já se torna fofoca, pois é o comentar pelo simples comentar, só isso, sem em nada criar algum benefício.
Atenção, só falar o que edifica, em contexto de pecado como o nosso, não vai edifi-car, pois as pessoas continuarão não percebendo seus erros. Elas até podem melhorar no que já fazem corretamente, pois estão sendo incentivadas a isso, mas também continuarão piorando naquilo em que estão errando, pois não está havendo a identificação do erro e nem alguma orientação sobre como se livrar dele. Ellen G. White, bem fundamentada na Bíblia diz: “"Vede irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado. Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim." Heb. 3:12-14” (Mensagens Escolhidas, v. 2, 38).
Portanto, como diz Mat. 7:12: “Tudo quanto quereis que vos façam, assim fazei-o também a eles, porque esta é a lei e os profetas.” Essa frase é paralela a servir, não ser ser-vido. Em outras palavras, ela representa a fórmula do bom relacionamento para que sejamos realmente seres sociais, e não inimigos mortais. Em resumo, precisamos nos esforçar para criar uma sociedade, no lar, na igreja, e em um sentido mais amplo, em que as pessoas procurem se ajudar nos incentivos onde agem corretamente e em admoestações onde este-jam errando.
6. Aplicação do estudo – Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Alguns conselhos bíblicos extraídos de Efésios 4:25 a 32:
“Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira.”
Isso quer dizer que DEUS permite que fiquemos irritados com algo que nos afete negativamente, mas que devemos resolver essa questão no mesmo dia, e ao ir dormir, que não haja mais problema pendente. Ou, de outro modo, que não venhamos a nos desentender com outra pessoa, e sim buscar a reconciliação. Irar é uma coisa, pecar é o que vem depois da ira: a ira prolongada, o desentendimento, a briga, a relação rompida. Antes que se desencadeie uma sequência de fatos negativos, que se busque a solução como já vínhamos estudando, pela via do arrependimento e do perdão.
“Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim, unicamente para edificação.”
Já ouviu falar no site Wikilieaks? Pois se trata de um site da internet que se especia-lizou em publicar correspondências confidenciais de autoridades de governo e diplomáticas que vazaram de alguma maneira. Não são poucas essas correspondências, e outros docu-mentos, geralmente do corpo diplomático, e referentes a pessoas importantes de outros paí-ses. Por exemplo, vieram a público o que a diplomacia americana escreveu sobre o presi-dente Berlusconi, da Itália, sobre a Rússia, e até sobre o Vaticano e o papa. Não eram pala-vras construtivas, e sim, bem embaraçosas, coisa a nível de fofoca, que deixou o governo dos Estados Unidos em situação vergonhosa. Eles não seguiram essa recomendação bíblica. Portanto, em tudo o que falarmos, tenhamos em mente se é construtivo, para que não cause prejuízo a outros nem a nós. Palavras mal pensadas, como nesse caso citado, podem voltar como bumerangue, e criar situação constrangedora a quem as pronunciou ou escreveu.
“Não entristeçais o ESPÍRITO.”
E como se pode entristecer o ESPÍRITO SANTO? Quando se cometem erros cons-cientes. E principalmente se não temos o desejo de sermos transformados por Ele, a fim de deixarmos o hábito de pecar e não se arrepender. O ESPÍRITO SANTO fica muito triste quando Ele não pode fazer a Sua parte, que é nos transformar e santificar.
“Longe de vós toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria e blasfê-mia, e bem assim, toda a malícia.”
Em resumo, todos os sentimentos e as práticas que criem algum problema de rela-cionamento entre os seres humanos, fiquemos longe deles. Já basta que os outros criem problemas. É a mesma história da probabilidade de acidentes de trânsito. Se nós cuidarmos e seguirmos as regras do trânsito, a probabilidade de acidente será menor. Essa probabili-dade não desaparece, pois outros há que não cuidam. Mas se fizermos a nossa parte, ao menos ela é reduzida, e isso já é vantajoso.
“Antes sede uns com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros como também CRISTO vos perdoou.”
Terminamos como começamos: sermos bons uns aos outros, e quando for necessário, estar dispostos a perdoar, como também a pedir perdão. Faremos isso assim como CRISTO também nos perdoou, lá na cruz, quando era odiado na maior intensidade que alguém poderia ser odiado, e sem motivo algum. Mesmo nessas condições Ele perdoou.
Apenas um alerta importante. A lição dessa semana ficou um pouco parcial. Ou seja, cuidou apenas do lado do perdão, mas nada acrescentou pelo lado da exortação, tema que propositalmente incluímos na quinta-feira. Como somos pecadores, só o perdão não é suficiente, pois pecadores se acostumam a determinados tipos de pecados e já não os perce-bem mais como perigosos. Muitas vezes a rotina de um determinado pecado é tão intensa que a pessoa nem o vê mais como pecado, e sim, como algo até positivo. Essa pessoa, por si, se ninguém chamar a sua atenção, e a levar a ver os fatos em sua realidade e perigo, não vai sair de sua fraqueza, e se perderá para sempre. Portanto, entre nós pecadores, a exortação é imprescindível, pois por ela, os outros, que percebem mais facilmente o que há de errado em nós, podem nos alertar e nos ajudar a vencer fraquezas. Verdadeiros amigos não escondem fatos que nos podem levar a fracassos, mas eles nos alertam e nos ajudam a superar nossas deficiências. Precisamos nos aperfeiçoar na exortação, assim como no pedir perdão, assim como no perdoar.
escrito entre 08 e 14/12/2010
revisado em 15/12/2010
corrigido por Jair Bezerra
Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos. Entende que há servos sinceros e fiéis de DEUS em todas as igrejas que no final dos tempos se reunirão em um só povo e serão salvos por JESUS em Sua segunda vinda a este mundo.