quinta-feira, 29 de março de 2007

Verdadeiros Heróis!!!


Recebi uma apresentação de powerpoint com o seguinte conteúdo... vale a pena pensar nisso...


“E agora vamos falar com os nossos heróis...” Essa foi a saudação infeliz usada por Pedro Bial ao se dirigir aos participantes do programa Big Brother Brasil. Se alguém se encontrar com o jornalista, pergunte-lhe, por favor, qual a definição de “herói” no dicionário dele... No meu, herói é algo muito diferente...

Herói é a Dra. Vanessa Remy-Piccolo, jovem pediatra francesa de 28 anos de idade (primeira foto à esquerda). Ela abriu mão do seu conforto para servir na África como voluntária do programa Médicos Sem Fronteiras. Ela cansou de atender crianças que com um ano de idade pesavam em torno de 3,6 kg, o que corresponde ao peso de um recém-nascido. Herói que relata que muitas mães chegavam até ela dizendo que levaram os alimentos doados para casa, mas que seus filhos parecem ter esquecido o que é se alimentar e se recusam a abrir a boca.

Herói é Martial Ledecq, cirurgião voluntário do Médicos sem Fronteiras, que, arriscando a própria vida, atende em meio a bombardeios os civis feridos num hospital de Tebnine, sul do Líbano – vítimas de recente guerra que de tão nefasta não poupou nem os observadores da ONU e nem mesmo as equipes de ajuda humanitária internacional.

Herói, meu caro Pedro Bial, é quem, nestes dias desleais em que vivemos, enxerga o sofrimento alheio e se prontifica a amenizá-lo no que estiver ao seu alcance. Heróis são aqueles que abrem mão dos confortos pessoais em favor de outros; aqueles plenos de uma vida na qual a paixão sobrepuja a omissão. Herói é aquele que é solidário; que partilha dons e bens.

Mas há também muitos heróis que falam a nossa língua... E não são as “celebridades” instantâneas do BBB, embora estejam pertinho da “casa mais vigiada do Brasil”. Heróis como Jacinta, enfermeira do projeto Meio-Fio, promovido pelos Médicos Sem Fronteiras no Rio de Janeiro.

Heróis como a médica Renata, que visita aqueles que nem aos precários serviços de saúde pública têm acesso.

Heróis como o educador Altayr, que partilha seus conhecimentos com moradores de rua no centro do Rio de Janeiro.

Heróis como a psicóloga Andréa, que, a exemplo da pediatra francesa, semeia saúde e esperança por onde passa.Heróis como a enfermeira Eriedna, que atendeu o Sr. Nilton no núcleo de atendimento dos Médicos Sem Fronteiras. Heróis como o Sr. Nilton, que com o apoio recebido conseguiu encontrar um trabalho. E hoje não mais mora nas ruas.

Heróis como Sr. João, um dos moradores de rua atendidos pelo projeto Meio-Fio, que relata: “De manhã eu começo a circular igual a um peru doido. Eu só paro na hora do almoço e depois, à noite, pra dormir. Mas catar latinha não é fácil, não. Hoje em dia tem uma concorrência muito grande pelas ruas.”

Será que o Sr. João resistiria à tentação de catar as latinhas e garrafas de bebida vazias, com as quais a produção do BBB tenta a todo custo embriagar os participantes do programa nas festas que promove? O Sr. João provavelmente juntaria as latas, sim, escondidas num canto da casa, para quando a fama instantânea passar...

Quando um cara que já foi dos mais brilhantes repórteres do País vibra e discute os namoricos, as intrigas e as futilidades do programa BBB como se fossem o assunto mais importante da atualidade, é sinal de que algo está lamentavelmente errado...É preciso acreditar que outro mundo é possível. E pequenos gestos poderão produzir mudanças significativas. Um ato simples, que certamente poderá resultar em benefícios concretos, é o de iniciar uma campanha de conscientização para que ninguém mais atenda aos apelos melodramáticos de Pedro Bial, e que, ao invés de efetuar ligações para o programa Big Brother, contribua para entidades que atuam em prol de causas sociais.

A cada paredão, com milhões de ligações para o programa, os centavos e centavos pagos formam rios de dinheiro e engordam ainda mais as já milionárias fortunas dos donos, diretores e apresentadores de TV.

Se você tem algum amigo, familiar ou conhecido que liga para o programa, aconselhe-o a doar a quantia para algum programa humanitário. Ao invés de ligar para o Big Brother Brasil, contribua com alguma instituição que realmente precisa de ajuda. E não faltam entidades sérias que contam com o nosso apoio para prosseguir com suas atividades nobres.

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