
Recebi uma apresentaçã

“E agora vamos falar com os nossos heróis...” Essa foi a saudação infeliz usada por Pedro Bial ao se dirigir aos participantes do programa Big Brother Brasil. Se alguém se encontrar com o jornalista, pergunte-lhe, por favor, qual a definição de “herói” no dicionário dele... No meu, herói é algo muito diferente...

Herói é

Herói é Martial Ledecq, cirurgião voluntário do Médicos sem Fronteiras, que, arriscando a própria vida, atende em meio a bombardeios os civis feridos num hospital de Tebnine, sul do Líbano – vítimas de recente guerra que de tão nefasta não poupou nem os observadores da ONU e nem mesmo as equipes de ajuda humanitária internacional.

Herói, meu caro Pedro Bial, é quem, nestes dias desleais em que vivemos, enxerga o sofrimento alheio e se prontifica a amenizá-lo no que estiver ao seu alcance. Heróis são aqueles que abrem mão dos confortos pessoais em favor de outros; aqueles plenos de uma vida na qual a paixão sobrepuja a omissão. Herói é aquele que é solidário; que partilh

Mas há também muitos heróis que falam a nossa língua... E não são as “celebridades” instantâneas do BBB, embora estejam pertinho da “casa mais vigiada do Brasil”. Heróis como Jacinta, enfermeira do projeto Meio-Fio, promovido pelos Médicos Sem Fronteiras no Rio de Janeiro.
Heróis como a médica Renata, que visita aqueles que nem aos precários serviços de saúde pública têm acesso.

Heróis como o educador Altayr, que partilha seus conhecimentos com moradores de rua no centro do Rio de Janeiro.
Heróis como a psicóloga Andréa, que, a exemplo da pediatra francesa, semeia saúde e esperança por onde passa.
Heróis como a enfermeira Eriedna, que atendeu o Sr. Nilton no núcleo de atendimento dos Médicos Sem Fronteiras. Heróis como o Sr. Nilton, que com o apoio recebido conseguiu encontrar um trabalho. E hoje não mais mora nas ruas.




Será que o Sr. João resistiria à tentação de catar as latinhas e garrafas de bebida vazias, com as quais a produção do BBB tenta a todo custo embriagar os participantes do programa nas festas que promove? O Sr. João provavelmente juntaria as latas, sim, escondidas num canto da casa, para quando a fama instantânea passar...
Quando um cara que já foi dos mais brilhantes repórteres do País vibra e discute os namoricos, as intrigas e as futilidades do programa BBB como se fossem o assunto mais importante da atualidade, é sinal de que algo está lamentavelmente errado...

A cada paredão, com milhões de ligações para o programa, os centavos e centavos pagos formam rios de dinheiro e engordam ainda mais as já milionárias fortunas dos donos, diretores e apresentadores de TV.
Se você tem algum amigo, familiar ou conhecido que liga para o programa, aconselhe-o a doar a quantia para algum programa humanitário. Ao invés de ligar para o Big Brother Brasil, contribua com alguma instituição que realmente precisa de ajuda. E não faltam entidades sérias que contam com o nosso apoio para prosseguir com suas atividades nobres.
